Cultivar_4_Tecnologia

19 Agricultura de precisão: fatores-tecnológicos decisivos para “fazer mais (e melhor) com menos”? RICARDO BRAGA Professor Auxiliar, Instituto Superior de Agronomia, Universidade de Lisboa O enquadramento para a evolução do sector agrí- cola nos próximos 30 a 40 anos é já sobejamente conhecido: num cenário de alteração climática, volatilidade de preços, restringimento ambiental, globalização de mercados, crescente procura de alimentos, entre outros, o sector agrícola terá que ser capaz de se manter competitivo e sustentável. O desafio é, claro está, enorme. Do ponto de vista do produtor ser economicamente competitivo signi- fica aumentar a produtividade das culturas e redu- zir custos de produção, ou seja, ser mais eficiente a usar recursos e fatores de produção. Por outro lado, a eficiência do uso de recur- sos e fatores, na vertente que diz respeito ao encon- tro no espaço e tempo entre as necessidades (da cultura) e as disponibilida- des (e.g. adubos, água), é também a expressão da sustentabilidade ambiental da atividade. Historicamente, desde a segunda guerra mundial, a preocupação dos produtores tem sido o aumento da produtividade por via do uso de variedades geneticamente melhoradas, de mais elevadas taxas de aplicação de fertilizantes (sobretudo adubos) e pesticidas (Avillez, 2015). Neste processo, demasia- das vezes se atingiram situações em que em vez de se otimizarem margens brutas, maximizaram-se produtividades com itinerários técnicos que resul- taram economicamente irracionais e, portanto, ine- ficientes. Paralelamente, em resultado do elevado custo da mão-de-obra, e da oportunidade de mecanização das operações, verificou-se também o aumento da área de cultivo por produ- tor. Este processo trouxe uma ineficiência adicio- nal resultante da incapa- cidade de ajustar os níveis de fatores de produção em função do potencial “eda- fo-topo-climático” de cada uma das subunidades mais homogéneas no seio de cada parcela/folha. Ou seja, o produtor ganhou, por um lado, economia de escala ao cultivar maior área, mas, por outro, teve um custo nesse processo em resultado das ineficiências criadas pela varia- bilidade espacial associada. A perceção quanto ao balanço entre ganhos e perdas tem sido claramente … o produtor ganhou, por um lado, economia de escala ao cultivar maior área, mas, por outro, teve um custo nesse processo em resultado das ineficiências criadas pela variabilidade espacial associada.

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