Cultivar_4_Tecnologia

105 A Inovação Acabou? Não há razões para pessimismo TYLER COWEN Professor de Economia na Universidade George Mason, Virgínia, EUA Recensão crítica do livro Rise and Fall of Ameri- can Growth: The U.S. Standard of Living since the Civil War , de Robert J. Gordon (Princeton University Press, 2016, 768 pp.) 1 Quase sete anos depois de a Grande Recessão ter sido dada por oficialmente terminada, a econo- mia norte-americana continua a crescer a um ritmo muito lento: os salários reais estagnaram, o salá- rio médio real dos homens é hoje inferior ao que era em 1969, o rendimento familiar médio, ajustado à inflação, é mais baixo do que em 1999 e pouco aumentou nos últimos anos, apesar de o fim da recessão ter sido formalmente declarado em 2009. Entretanto, o Conselho de Governadores da Reserva Federal e o Congressional Budget Office (Gabinete do Orçamento do Congresso) começam a levar mais a sério a ideia de que a produtividade dos EUA, uma das mais importantes fontes do crescimento econó- mico, poderá manter-se baixa. E estes problemas não são específicos dos Estados Unidos: na verdade, há já algum tempo que, em quase todo o mundo desenvolvido, o crescimento da produtividade se tem vindo a revelar lento. 1 Artigo publicado na revista Foreign Affairs , Volume 95, Nº 2, Março/Abril 2016; © 2016 Council on Foreign Relations, publisher of Foreign Affairs. All rights reserved. Distributed by Tribune Content Agency. A médio e longo prazo, mesmo pequenas altera- ções nas taxas de crescimento têm consequências significativas no nível de vida das populações. Uma economia que cresce 1% ao ano duplica o seu ren- dimento médio aproximadamente a cada 70 anos, enquanto uma economia que cresce 3% o faz a cada 23 anos – o que, a prazo, significa uma grande dife- rença na vida das pessoas. Alguns especialistas, como os economistas do MIT ( Massachusetts Institute of Technology ) Erik Bryn- jolfsson e Andrew McAfee consideram que o atual abrandamento é temporário e que os desenvolvi- mentos exponenciais nas tecnologias digitais estão a transformar as economias mundiais no bom sen- tido. Outros são mais pessimistas. Um dos maio- res arautos da desgraça é Robert Gordon, um pro- fessor de economia da Northwestern University . O seu mais recente contributo para o debate, a obra Rise and Fall of American Growth , poderá vir a ser o livro de economia mais interessante e importante do ano. Trata-se de uma notável abordagem ana- lítica ao potencial de crescimento económico pas- sado, que transformou o mundo a partir do final do século XIX. Gordon considera que dificilmente os americanos voltarão a assistir a avanços compará- veis e prevê a estagnação da produtividade dos EUA num futuro próximo.

RkJQdWJsaXNoZXIy NDU0OTkw