Cultivar_31

46 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 31 AGOSTO 2024 – Sequeiro Analisando as anomalias de precipitação nos anos hidrológicos desde 1960 para algumas estações meteorológicas do Norte, do Centro, do Alentejo e do Algarve, verifica-se que nos últimos anos hidrológicos os valores acumulados de precipitação têm sido persistentemente inferiores ao valor normal, destacando-se as regiões do Alentejo e Algarve, com um défice muito longo de precipitação (6 a 10 anos consecutivos) (Figura 3). As secas em Portugal Continental A seca meteorológica refere-se a um “período com um défice anormal de precipitação”. De acordo com a definição do IPCC, as secas podem ser agrícolas, hidrológicas e ecológicas, dependendo dos processos e da sua propagação a outros sistemas ou setores afetados. O défice de precipitação pode afetar negativamente a produção agrícola, provocando uma escassez de humidade no solo e produzindo o que pode ser definido como seca agrícola, enquanto a seca ecológica está relacionada com o stress hídrico de áreas florestais, podendo por exemplo, provocar a mortalidade de árvores de grande porte. A seca hidrológica ocorre quando “a falta de água na época de escoamento e percolação afeta principalmente o seu abastecimento”, criando escassez de água em lagos, lagoas ou águas subterrâneas. O Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P., monitoriza em Portugal Continental as situações de seca que ocorrem no território, sendo esta monitorização efetuada com base nos índices PDSI (Palmer Drought Severity Index) e SPI (Standard Precipitation Index). Séries mensais do índice de seca PDSI revelam que os episódios de seca têm sido mais frequentes e mais severos desde a década de 1980. Igualmente a análise da evolução por décadas (entre 1961 e 2020) da distribuição do índice PDSI em Portugal Continental permite concluir que, nas duas últimas décadas, se verificou uma intensificação da frequência, intensidade e duração das secas meteorológicas, em particular nos meses de fevereiro a abril. Nos anos mais recentes, alguns eventos de seca têm-se prolongado por mais de um período húmido (outono e inverno) e seco (primavera e verão) e também têm abrangido uma maior percentagem do território. Na Figura 4, está representada a percentagem do território de Portugal Continental nas classes de seca Séries mensais do índice de seca PDSI revelam que os episódios de seca têm sido mais frequentes e mais severos desde a década de 1980. Figura 4 – Percentagem do território de Portugal Continental nas classes de seca severa e extrema do índice PDSI entre 1941 e 2023 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 1941 1942 1943 1944 1945 1946 1947 1948 1949 1950 1951 1952 1953 1954 1955 1956 1957 1958 1959 1960 1961 1962 1963 1964 1965 1966 1967 1968 1969 1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 % 2004/05 2017/18 2011/12 2021/22

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