Cultivar_31

16 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 31 AGOSTO 2024 – Sequeiro mediterrânicas, especialmente nas tardes de verão, quando a advecção marítima é dominante, a vegetação e as árvores criam a humidade atmosférica adicional que permite que o teor de água na atmosfera leve à formação de nuvens e a precipitação. As florestas da bacia amazónica são particularmente importantes para a agricultura de sequeiro na região, uma vez que fazem circular volumes imensos de água e humidade, regulando a precipitação não só no interior da bacia, mas também no exterior, na bacia do rio da Prata, no Pantanal e no centro-oeste do Brasil. Esta circulação de humidade é feita através de corredores ou rios atmosféricos. A bacia amazónica pode libertar cerca de 20 mil milhões de toneladas de água para a atmosfera por dia, contribuindo com aproximadamente 70% da entrada média anual de vapor de água na bacia do rio da Prata. A redução das florestas amazónicas teria impactos diretos importantes na produção agrícola da região. Modelação das necessidades hídricas das culturas na agricultura: A criação destes modelos é essencial para compreender as necessidades específicas em água das diferentes espécies e variedades e apoiar as escolhas dos agricultores. A FAO está a desenvolver uma aplicação inovadora para avaliar quantitativamente os riscos e impactos da seca na produtividade das culturas e da água e nas necessidades hídricas. A Drought Impact Assessment Platform (D-IAP – Plataforma de Avaliação do Impacto da Seca) baseia-se no modelo de crescimento AquaCrop5 desenvolvido pela FAO para estimar a produção agrícola em caso de seca e fazer avaliações nas condições climáticas atuais e em cenários futuros de alterações climáticas, considerando os sistemas agrícolas de sequeiro e de regadio. Exemplos de mudanças nas práticas agrícolas incluem o tipo de culturas utilizadas pelos agricultores, bem como alte5 https://www.fao.org/aquacrop/en/ 6 https://www.cimmyt.org/ rações nas datas de plantação para garantir o timing perfeito para as necessidades das plantas em matéria de água e temperatura. Biodiversidade e investigação para uma agricultura de sequeiro resiliente: As espécies e variedades resistentes à seca podem suportar períodos prolongados de seca e precipitação irregular, contribuindo para a resiliência da agricultura de sequeiro e para a segurança alimentar. Muitas iniciativas em matéria de melhoramento de plantas, em especial a latitudes mais baixas, visam a tolerância à seca, ao calor, à salinidade e às inundações. As variedades de milho híbrido tolerantes à seca, desenvolvidas pelo Centro Internacional de Melhoramento do Milho e do Trigo (CIMMYT, na sigla inglesa)6, revelaram-se mais produtivas do que as variedades não tolerantes em ensaios de campo na África Austral, especialmente no âmbito da agricultura de conservação. Um projeto da FAO em Moçambique utilizou parcelas de demonstração para escolas de campo de pequenos agricultores, onde as variedades foram testadas em diferentes condições agroecológicas. Os agricultores selecionaram depois as melhores variedades em termos de adaptabilidade e desempenho. Uma parceria a longo prazo entre a FAO e a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) utiliza tecnologias nucleares para desenvolver culturas com características melhoradas. Como resultado deste esforço conjunto, em 2020 foram introduzidas duas novas variedades de feijão-frade, que aumentaram a produtividade e a qualidade desta leguminosa. As novas variedades de feijão-frade, uma importante fonte de proteínas cultivada sobretudo em África, amadurecem mais rapidamente, requerem menos água, superam as variedades locais em termos de produtividade em As espécies e variedades resistentes à seca podem suportar períodos prolongados de seca e precipitação irregular, contribuindo para a resiliência da agricultura de sequeiro e para a segurança alimentar. [os] sistemas pastoris são excecionalmente eficientes do ponto de vista hídrico.

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