Cultivar_30

98 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 30 ABRIL 2024 – Melhoramento e técnicas genómicas que o PEPAC – Plano Estratégico da Política Agrícola Comum mantenha uma intervenção de apoio ao Melhoramento Genético Florestal (a C1.1.5), tal como o PDR2020 se encontra a apoiar o projeto “Conservação e Melhoramento de Recursos Genéticos Florestais”3, em que somos parceiros. Paralelamente, é 3 https://projects.iniav.pt/PINHEIRO-BRAVO/ * https://www.iniav.pt/ indispensável a capacitação técnica e operacional do ICNF e do INIAV com pelo menos dois investigadores auxiliares dedicados ao melhoramento genético e aumento da capacidade de recolha de semente. No futuro, continuaremos empenhados em contribuir para a melhor versão possível desta história. Melhoramento do pinheiro-bravo e do pinheiro-manso ISABEL CARRASQUINHO INIAV, I.P. – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P.* No início dos anos de 1950, a prática do melhoramento genético no pinheiro-bravo cingia-se apenas ao emprego de semente originária de regiões em que abundavam bons pinhais, não se fazendo qualquer escolha dos pés-mães para a sua colheita (Pereira-Machado, 1953a). Contudo, a nível experimental, Pereira-Machado (1953b) realizava as primeiras polinizações artificiais entre pinheiros que tinha selecionado pela produção elevada de gema. À época, esta atividade de seleção de árvores plus não teve continuidade, muito embora a resinagem estivesse, à época, a ser amplamente praticada nos pinhais portugueses. Atualmente, a exploração de resina nacional de pinheiro-bravo voltou a considerar-se importante e um projeto de melhoramento genético foi integrado no Consórcio integrado Resina Natural 21 (RN21), aprovado em 2021. A primeira seleção fenotípica no pinheiro-bravo para o volume e forma do tronco decorreu na Mata Nacional de Leiria (MNL) entre 1963 e 1965. Foi realizada por um técnico australiano com a colaboração dos investigadores portugueses, pioneiros em melhoramento genético florestal e que exerciam a sua atividade na Estação de Experimentação Florestal. A presença do técnico australiano em Portugal surgiu na sequência de ensaios que as autoridades florestais australianas vinham a desenvolver desde o início do século XX, com vista à seleção de espécies e proveniências a introduzir numa zona infértil e desarborizada na zona ocidental da Austrália. Os resultados desses ensaios de proveniências mostraram claramente que o pinheiro-bravo e a proveniência de Leiria era a que melhor aí se adaptava, apresentando elevados crescimentos em volume e boa forma do tronco. As ações realizadas nesses anos foram de grande relevância, pois permitiram chamar a atenção, entre os florestais portugueses, para a importância da qualidade do material florestal de reprodução (MFR) a utilizar no setor florestal. Dessa colaboração com a Austrália, foi possível estabelecer, por enxertia, na Mata Nacional do Escaroupim (MNE), entre 1970 e 1978, o Pomar Clonal Produtor de Sementes constituído por cópias vegetativas dos genótipos selecionados na MNL. Em 1988, enquadrado no programa “Amélioration d´éspéces forestières” financiado pelo Banco Mundial, foi publicada a primeira estratégia de melhoramento para o pinheiro-bravo em Portugal, cujos principais objetivos estavam focados nos aumentos de produção em volume por hectare, na retidão do fuste e na diminuição do grão espiralado (Roulund

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