Cultivar_30

7 Como garantir simultaneamente o abastecimento alimentar da população mundial e os objetivos para a transição climática? Em grande medida, a resposta está no aumento da produtividade1, assente no desenvolvimento e na disseminação de inovações tecnológicas que possam gerar benefícios para os agentes do setor agroalimentar e toda a população em geral, procurando um equilíbrio económico, social e ambiental. É neste contexto que na Cultivar N.º 30 propomos o tema Melhoramento e técnicas genómicas. Com efeito, a história da agricultura é uma história de eficiência e introdução de tecnologias na gestão dos recursos naturais, solo, água e biodiversidade. Os desafios foram sendo diversos ao longo dos séculos, mas no essencial é permanentemente renovado o objetivo de alimentar em quantidade e qualidade todas as populações, preservando os recursos naturais. O melhoramento vegetal e animal está na base deste desenvolvimento da agricultura, tendo os seus 1 Segundo a OCDE, a resposta para atingir simultaneamente as metas da fome zero e da redução de emissões implica que a produtividade agrícola média global teria de aumentar 28%, nesta década, o que corresponderia a um aumento da produtividade mais do dobro do que o da década anterior. (OCDE/FAO (2022), OECD-FAO Agricultural Outlook, OECD Agriculture statistics (database), https://doi.org/10.1787/f1b0b29c-en métodos evoluído da tradicional seleção de espécies e variedades de plantas e animais para tecnologias genéticas sofisticadas. Convém realçar que a biotecnologia é no essencial uma ferramenta, a par de outras tecnologias que a agricultura foi incorporando ao longo dos anos, em particular com a generalização do modelo químico- -mecânico. Assim, o melhoramento e as técnicas genómicas devem ser avaliados pelo uso que deles se retira e pelos impactos positivos ou negativos que lhes possam estar associados. A resistência à adoção de novas tecnologias (movimentos luddistas) é recorrente e baseada em motivações económicas, de justiça social, éticas ou emocionais, às quais tem de se dar atenção para entender quais os limites das próprias tecnologias, bem como a avaliação dos seus impactos. O presente número da Cultivar procura promover o acesso ao conhecimento técnico e à opinião informada sobre este tema, para estimular o debate, confrontando interesses em presença, e assim contribuir Editorial EDUARDO DINIZ Diretor-geral do GPP

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