Cultivar_30

56 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 30 ABRIL 2024 – Melhoramento e técnicas genómicas Embora eficaz, a mutagénese carecia de precisão e muitas vezes originava mutações indesejadas juntamente com as características interessantes. A chamada mutagénese de inserção, em que um fragmento de DNA é introduzido no genoma de uma planta, veio permitir atenuar esta aleatoriedade, possibilitando não apenas modificações mais precisas do genoma, mas também uma mais eficaz identificação e caracterização dos genes alterados. A mutagénese tem contribuído para o desenvolvimento de numerosas variedades de culturas com características agronómicas melhoradas, incluindo resistência a doenças, tolerância ao stresse abiótico e maior conteúdo nutricional, em particular em cereais, como o trigo, o milho e o arroz. O DNA é de todos Sabemos hoje que o DNA é a molécula que controla as características dos organismos. Todos o possuem e a maneira como esta molécula controla a síntese proteica, embora com algumas variações, é comum a todos as células. Com base nesta evidência, é possível que um gene de uma bactéria ou de outro organismo se expresse, por exemplo, numa planta. Esta metodologia é a base da tecnologia do DNA recombinante, também conhecida como engenharia genética. Variedades que hoje são utilizadas na agricultura, como o milho Bt, resistente à broca-do-milho devido a um gene bacteriano que lhe foi introduzido, baseiam-se neste princípio. As plantas e outros organismos modificados desta maneira ficaram vulgarmente conhecidos como organismos geneticamente modificados (OGM), ou plantas geneticamente modificadas (PGM), no caso do reino vegetal. Esta metodologia precisa de manipulação dos genes permitiu aos cientistas melhorarem as características desejadas, ao mesmo tempo que minimizava alterações genéticas não intencionais. As PGM revolucionaram a agricultura ao oferecer soluções para a gestão de pragas e ervas daninhas, reduzindo a utilização de produtos químicos e aumentando o rendimento das colheitas. A primeira cultura geneticamente modificada disponível comercialmente foi o tomate Flavr Savr, desenvolvido pela empresa Calgene e aprovado para venda nos Estados Unidos em 1994. O tomate Flavr Savr foi geneticamente modificado para retardar o amadurecimento e prolongar a vida útil, oferecendo benefícios potenciais para produtores e consumidores. Desde então, a tecnologia OGM tem sido amplamente adotada na agricultura para diversos fins e foram desenvolvidas PGM com características como tolerância a herbicidas, resistência a insetos, resistência a doenças, tolerância à seca e melhor conteúdo nutricional. Estas características permitem aumentar a produtividade das culturas, reduzir a necessidade de fertilizantes e compostos fitofarmacêuticos e melhorar a segurança alimentar. Do ponto de vista ambiental, as PGM concebidas para características como tolerância a herbicidas e resistência a insetos podem ajudar a reduzir o impacto ambiental da agricultura, permitindo que os agricultores utilizem menos pesticidas e herbicidas. Isto pode levar à diminuição do escoamento de pesticidas, da erosão do solo e da perda de biodiversidade. As PGM com características como maior potencial de rendimento ou melhor tolerância ao stresse podem ajudar os agricultores a produzir mais alimentos numa área menor, contribuindo para aumentar a eficiência e a produtividade agrícolas. Isto é particularmente importante face aos desafios globais, como o crescimento populacional, as alterações climáticas e as restrições de recursos. Algumas PGM têm o potencial de melhorar a segurança alimentar e nutricional, aumentando o rendimento das culturas, reduzindo as perdas pós-coEmbora eficaz, a mutagénese carecia de precisão e muitas vezes originava mutações indesejadas juntamente com as características interessantes. … a metodologia … do DNA recombinante … permitiu aos cientistas melhorarem as características desejadas, ao mesmo tempo que minimizava alterações genéticas não intencionais.

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