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39 Novas Técnicas Genómicas: alegações duvidosas em matéria de produtividade, sustentabilidade e segurança MICHAEL ANTONIOU*, CLAIRE ROBINSON** * Professor de Genética Molecular e Toxicologia, King’s College London, Reino Unido ** Co-diretora, GMWatch, Reino Unido Os métodos de modificação genética têm sido promovidos como uma forma de resolver os problemas da produção alimentar e da agricultura desde meados da década de 1990, altura em que as culturas e os alimentos “transgénicos” geneticamente modificados (GM) (sobretudo, soja e milho) foram introduzidos com base numa vaga de alegações acerca da sua produtividade e sustentabilidade.1 No entanto, estas promessas não foram cumpridas: a produtividade não aumentou2 e a utilização de pesticidas não diminuiu – antes pelo contrário, aumentou.3 E a atividade agrícola não foi facilitada, uma vez que as infestantes se tornaram resistentes aos herbicidas (especificamente, ao glifosato), os quais as culturas GM foram concebidas para tolerar,4 e que as pragas de insetos desenvolveram resistência ao inseticida toxina Bt [Bacillus thuringensis], o qual as culturas GM foram concebidas para produzir.5 1 https://www.isaaa.org/resources/publications/downloads/biosafety_bk.pdf 2 https://www.ers.usda.gov/publications/pub-details/?pubid=45182; https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28230933; http://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/14735903.2013.806408#.UrnaHfYnuUc 3 http://www.enveurope.com/content/24/1/24 4 http://www.enveurope.com/content/24/1/24; https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/ps.4760; https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29024306/ 5 https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/36610076/; http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0169115; https://www.dtnpf.com/agriculture/web/ag/crops/article/2020/09/29/epa-proposes-phasing-dozens-bt-corn; https://www.nature.com/articles/s41477-020-0615-5 Agora, a nova geração de culturas GM, produzida com recurso às chamadas “Novas Técnicas Genómicas” (NTG), como a edição genética, é apresentada como estando destinada a ter êxito onde os transgénicos falharam. Os seus defensores afirmam que as NTG, e em particular a edição genética, fazem alterações “precisas” no genoma de um organismo, alterações essas que imitam o que pode acontecer na natureza através da reprodução normal ou da mutação natural, permitindo que características desejáveis sejam introduzidas nas plantas de forma fiável e segura. Os resultados, dizem-nos, são previsíveis, pelo que as plantas NTG não prejudicarão a saúde nem o ambiente. Mas será que as coisas mudaram de facto com a chegada das NTG? Se olharmos atentamente para a evi-

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