O melhoramento vegetal e as tecnologias de base molecular, em particular a edição genómica 33 da indução de mutações no DNA da planta que alteram uma característica específica. Nos últimos decénios do século XX, o conjunto de novas tecnologias moleculares desenvolvidas foi notável e permitiu ultrapassar, em muitas culturas, as dificuldades encontradas relativas à falta de variabilidade existente nas populações cultivadas, ou à ausência das características desejadas no germoplasma existente, ou ainda à velocidade com que uma eventual característica se conseguia transferir para as variedades desejadas, o que complicava os processos clássicos de melhoramento na produção de novas variedades. Assim, técnicas como a transferência e expressão estável de sequências codificantes, muitas delas provenientes de outros organismos, que se convencionou chamar de engenharia genética, ou a indução de mutações por agentes mutagénicos foram tecnologias que contribuíram para criar novas variedades vegetais de forma relativamente célere e com um grau de precisão relativamente elevado, quando comparado com as técnicas de melhoramento tradicionais. Estas tecnologias dependeram ainda do desenvolvimento das técnicas de diferenciação in vitro de plantas, que tiveram que ser otimizadas para cada uma das espécies cultivadas. Note-se que estas novas tecnologias foram e continuam a ser contestadas. Os argumentos utilizados para a sua contestação continuam presentes, desde argumentos ambientais e religiosos, até argumentos éticos, sociais, comerciais e políticos. Na realidade, todos eles se baseiam no medo da utilização de tecnologia para aumentar a velocidade e precisão de processos de melhoramento que foram desde a neolitização utilizados pelas pessoas. Durante esta fase, foi também possível, recorrendo à engenharia genética e a plantas modelo, caracterizar a funcionalidade de muitos genes e sequências reguladoras da expressão génica, isto é, saber qual a característica que é controlada por uma determinada sequência genómica. A sequenciação do genoma da Arabidopsis thaliana em 2000 (Ref. 3) e do genoma humano em 2003 (Ref. 4) transportou o melhoramento das culturas vegetais para uma nova era. Esta nova era surge com a capacidade de descrever em detalhe e completamente o genoma de cada uma das espécies cultivadas e mesmo descrever detalhadamente o genoma das diversas variedades dentro de cada espécie cultivada. Atualmente, existem mais de 900 (Ref. 5) espécies de plantas cujo genoma está sequenciado e em algumas delas estão também sequenciadas diferentes variedades, o que permite o acesso à informação relativa à variação alélica presente. Este conhecimento é fundamental para que se possa associar mais rapidamente a função de um determinado gene ou sequência génica reguladora a uma determinada característica. Como exemplo, foi possível identificar nas plantas diferentes alelos de genes de resistência a doenças (Ref. 6). É também fundamental para identificar com precisão a sequência génica à qual está associada uma determinada função. Uma das tecnologias que se desenvolveu com a capacidade de sequenciar rápida e economicamente os genomas foi a tecnologia denominada de GWAS – Genome Wide Association Studies (estudos de associação genómica ampla). Estes estudos permitem associar SNP – Single Nucleotide Polimorphisms (polimorfismos de nucleótidos únicos) à presença/ ausência de uma determinada característica numa Nos últimos decénios do século XX, o conjunto de novas tecnologias moleculares desenvolvidas foi notável e permitiu ultrapassar, em muitas culturas, as dificuldades encontradas … Note-se que estas novas tecnologias foram e continuam a ser contestadas. Atualmente, existem mais de 900 espécies de plantas cujo genoma está sequenciado e em algumas delas estão também sequenciadas diferentes variedades … Este conhecimento é fundamental para que se possa associar mais rapidamente a função de um determinado gene ou sequência génica reguladora a uma determinada característica.
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