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31 O melhoramento vegetal e as tecnologias de base molecular, em particular a edição genómica PEDRO FEVEREIRO Diretor Executivo do InnovPlantProtect (Laboratório Colaborativo) Professor Catedrático Convidado do ITQB NOVA Membro do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida A história da humanidade está associada, desde a neolitização, ao desenvolvimento de variedades vegetais cujas características têm como finalidade suprir as necessidades humanas, quer em alimentos, para pessoas e animais, quer em materiais vários, como madeiras e fibras, quer em compostos com aplicação na saúde ou na cosmética, por exemplo. Numa primeira fase, em diversos contextos, momentos e continentes, diversas espécies vegetais foram domesticadas, ou seja, foram retiradas do seu estado selvagem e passaram a ser cultivadas pelo homem, num ambiente distinto do ambiente natural e que podemos denominar de agroambiente. Esta domesticação deixou sinais genéticos que ainda hoje se continuam a identificar e que consistem, em muitos casos, em mutações genéticas mais ou menos pontuais, as quais conduziram, muitas vezes, a perda de funções associadas à resistência a fatores bióticos e abióticos e ainda a fatores relacionados com a preservação da dispersão da espécie em questão em ambiente selvagem. Existem numerosos genes ou sequências genéticas reguladoras que foram identificadas em diversas espécies cultivadas que exemplificam estes fenómenos (Ref. 1). Este conjunto de alterações, porque partilhadas por várias espécies domesticadas, foi denominado de síndrome de domesticação. Como surgiram estas alterações? De facto, estas estão constantemente a surgir, inclusive na atualidade: a ideia de que as moléculas de DNA que constituem o genoma de cada organismo é imutável é ilusória. Tipicamente, cada célula viva sofre, em média, dez quebras do DNA por dia, induzindo essas De facto, estas estão constantemente a surgir, inclusive na atualidade: a ideia de que as moléculas de DNA que constituem o genoma de cada organismo é imutável é ilusória. Tipicamente, cada célula viva sofre, em média, dez quebras do DNA por dia, induzindo essas mutações mais ou menos pontuais. … a domesticação deixou sinais genéticos que ainda hoje se continuam a identificar e que consistem, em muitos casos, em mutações genéticas mais ou menos pontuais …

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