Cultivar_30

A importância da (bio)tecnologia para a sustentabilidade dos sistemas alimentares 17 No início, o esforço foi dirigido à domesticação de plantas silvestres e de animais selvagens, tendo-se posteriormente introduzido no processo produtivo a mecanização, a eletricidade, a divisão do trabalho, a eletrónica. Desta forma, nas várias etapas da Revolução Industrial (e da Revolução Verde), a agricultura foi encetando um caminho desde a produção tradicional, limitada na sua dimensão e diversificada a partir das suas fronteiras, tendo-se avançado para uma agricultura de cariz industrial, em que o grande objetivo era o abastecimento uniformizado. Atualmente, procura-se alcançar uma agricultura de precisão e de customização, quer ao nível da exploração agrícola, quer ao nível da logística, para uma satisfação cada vez mais diferenciada dos consumidores. O caminho foi sendo consistente, com ganhos de produtividade e eficiência em que a introdução de tecnologias genéticas teve um papel muito relevante. Este processo foi essencialmente realizado pela seleção das variedades mais adaptadas ao seu uso e beneficiando das mutações naturais que ocorrem nas espécies animais e vegetais. De igual forma, também o homem aprendeu a realizar cruzamentos entre diferentes variedades de plantas ou animais compatíveis, para obter novas caraterísticas e melhores produções. Este processo da transmissão das características dos seres vivos para os seus descendentes, ou seja, a 7 Esta técnica é agora usada em milhares de laboratórios de pesquisa em todo o mundo. A simplicidade da sua implementação permitiu que se difundisse muito rapidamente na comunidade científica. Tudo o que é necessário é uma proteína Cas9 para cortar o ADN e um ARN guia específico para a sequência alvo. O ARN guia, que deve ser adaptado a cada vez, é muito fácil de fabricar, principalmente porque foi desenvolvido um software (de acesso gratuito) para determinar as melhores sequências a utilizar, dependendo do gene ou sequência alvo. hereditariedade, foi descrito em 1860, com o monge austríaco Gregor Mendel, considerado por isso o pai da genética. Posteriormente, com o conhecimento do genoma integral de algumas espécies e com o avanço da engenharia genética, surgiu, após a década de 70, a possibilidade de alterar o ADN e promover a transgénese (introdução de sequências de genes provenientes de outra espécie) como uma evolução do melhoramento genético convencional. Este método dá origem a Organismos Geneticamente Modificados (OGM), o que significa organismos em que o material genético foi alterado de uma maneira que não ocorre naturalmente por acasalamento e/ou recombinação natural. A engenharia genética passou também a utilizar marcadores moleculares que correspondem, basicamente, a uma sequência de nucleótidos, ao nível do ADN. Estes permitem a caracterização genética de diferentes genomas, de forma mais fácil e rápida. A utilização deste tipo de marcadores contribuiu significativamente para a elaboração das primeiras versões de mapas genéticos. Também foram muito utilizados para melhoramento de plantas e de animais, na seleção de características fenotípicas desejáveis. Nos finais do século passado, foi desenvolvido um novo método de modificação do genoma, que foi mesmo distinguido com o Prémio Nobel da Química em 2020, o sistema CRISPR/Cas97. É uma abordagem de edição de genoma simples, Atualmente, procura-se alcançar uma agricultura de precisão e de customização, quer ao nível da exploração agrícola, quer ao nível da logística, para uma satisfação cada vez mais diferenciada dos consumidores. A inovação e a investigação nestes domínios, através destas novas técnicas genómicas, têm, reconhecidamente, um papel muito importante na redução da utilização de produtos fitofarmacêuticos e fertilizantes, permitindo contribuir para a obtenção de alimentos saudáveis com impacto positivo na saúde e no meio ambiente e promovendo assim sistemas agroalimentares mais sustentáveis.

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