Cultivar_30

A importância da (bio)tecnologia para a sustentabilidade dos sistemas alimentares 15 em 2030 e 9,7 em 2050)4; ou não são apropriadas do ponto de vista global, como é o caso dos hábitos de consumo, tendo em conta que é necessário corrigir, com urgência, a má nutrição e a fome de cerca de 800 milhões de pessoas5, o que não é possível de compensar pela adoção de regimes alimentares “éticos” nos países mais desenvolvidos; ou, ainda, são apenas parcelares, como é o caso do combate ao desperdício alimentar, em que o problema mais sensível está nas perdas ao nível da logística e da conservação dos alimentos nos países em vias de desenvolvimento, e não apenas no excesso de consumo nos países mais desenvolvidos. No caso do aumento da oferta, convirá ter presente que atualmente temos um rácio de 0,27 ha/pessoa para a produção de alimentos e que, a prazo, se desejarmos prosseguir os objetivos da transição climática e, portanto, não aumentar a exploração do recurso solo, esse rácio terá de diminuir para 0,11 ha/pessoa até 2040. Ou seja, o aumento da oferta baseado em práticas iguais às disponíveis hoje em dia ou em sistemas produtivos mais extensivos não se apresenta como uma solução. Com efeito, segundo a OCDE6, para atingir simultaneamente as metas da fome zero e da redução de emissões, a produtividade agrícola média global teria de aumentar 28% nesta década, o que corresponderia a um crescimento superior ao dobro do conseguido na década anterior. 4 A FAO prevê que esse crescimento seja de 1,1% nos próximos 40 anos, comparando com os 2.2% das quatro décadas anteriores. 5 Segundo as metas fixadas no ODS – Objetivo de Desenvolvimento Sustentável n.º 2 – Erradicar a fome, da ONU, o objetivo está fixado em +10%, em média de calorias/pessoa/dia, em países de rendimento médio mais baixo, e em +30%, em média de calorias/pessoa/dia, em países de rendimento baixo. (Ver também Nota 8) 6 OCDE/FAO (2022), OECD-FAO Agricultural Outlook, OECD Agriculture statistics (database), http://dx.doi.org/10.1787/agr-outl-data-en Assim, para dar resposta à primeira questão que colocámos, só será possível atender em simultâneo às necessidades de abastecimento e à transição climática com um incremento muito relevante dos níveis de produtividade, sem contudo deixar de refletir, no médio prazo, sobre qual o grau de trade-off, de compromisso, necessário entre estes dois objetivos. O aumento da eficiência no uso dos recursos naturais, nomeadamente do solo e da água, o uso de variedades mais produtivas e de alimentos mais nutritivos e energéticos, por unidade de peso, só são possíveis de obter com uma contínua modernização das práticas agronómicas e através da integração de conhecimento e tecnologia, em particular da digitalização e da biotecnologia. A biotecnologia tem assim uma centralidade na resposta simultânea às preocupações da transição climática e das necessidades dos agricultores de utilização de variedades mais produtivas. Concluímos, neste ponto, que existe o reconhecimento técnico-científico da importância da biotecnologia, existe o interesse público e privado no seu desenvolvimento. Contudo, a sua utilização suscita reservas legítimas de muitos consumidores, ou mesmo interesses antagónicos, que aconselham a uma regulação pública despida de preconceitos. … existe o reconhecimento técnico-científico da importância da biotecnologia, existe o interesse público e privado no seu desenvolvimento. Contudo, a sua utilização suscita reservas legítimas de muitos consumidores, ou mesmo interesses antagónicos, que aconselham a uma regulação pública despida de preconceitos. … só será possível atender em simultâneo às necessidades de abastecimento e à transição climática com um incremento muito relevante dos níveis de produtividade, sem contudo deixar de refletir, no médio prazo, sobre qual o grau de trade-off, de compromisso, necessário entre estes dois objetivos.

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