Cultivar_30

Novas técnicas genómicas – Revisão do estado da arte 129 Para cada uma das técnicas aqui referidas são apresentadas sete subsecções organizadas da seguinte forma: introdução/enquadramento da NTG, mecanismo de ação, modificações induzidas (alterações do material genético que podem ser induzidas pela NTG), resultados das modificações, organismos-alvo (exemplos do tipo de organismos aos quais a NTG pode ser aplicada), potenciais efeitos secundários gerados pelas NTG e limitações e lacunas no conhecimento. Enquadramento As variações genéticas surgem de forma natural através da ocorrência de mutações, que podem conduzir a adaptações dos organismos a novas condições ambientais, onde os organismos mais aptos são capazes de evoluir por meio de um processo de seleção natural. Com a agricultura, os seres humanos começaram a selecionar e a combinar as espécies que consideravam mais interessantes para cultivar ou domesticar, introduzindo novas variações genéticas. Contudo, foi apenas no início do século XX que os princípios da hereditariedade genética começaram a ser conhecidos e utilizados no melhoramento de plantas e animais. Por exemplo, observou-se que quanto maior 3 Diretiva 2001/18/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 12 de Março de 2001 (artigo 2.º (2)): https://eur-lex.europa.eu/legal-content/ PT/TXT/?uri=CELEX%3A32001L0018 a distância entre duas espécies cruzadas, menor a probabilidade de gerarem sementes. Esta foi uma das descobertas que conduziu ao desenvolvimento, em 1925, de uma técnica in vitro para resgatar embriões inerentemente fracos, imaturos ou híbridos (e.g. técnica usada no melhoramento de uvas sem sementes). Três anos mais tarde, em 1928, foi introduzida uma técnica que consistia na indução de mutações aleatórias em plantas de cultivo e na observação dos efeitos gerados. Deste modo, foi na década de 1950 que se superou a primeira barreira (ou fronteira), quando foi utilizada a técnica de jardinagem atómica que se baseava na utilização de sementes expostas a radiação para a indução de mutações. Ou seja, para além das mutações naturais (seleção e cruzamento natural), passou a ser possível originar mutações aleatórias (indução física e química de mutações aleatórias), que geravam um grande número de mutações numa única geração. Assim, através da indução física e química de mutações aleatórias, tornou-se possível a gestação de novos indivíduos de forma não natural. Uma segunda fronteira foi ultrapassada nos anos 70, quando o material genético de um organismo passou a poder ser integrado num organismo não relacionado (recombinação de ADN), ou seja, às mutações naturais e às mutações aleatórias na mesma espécie, seguiu-se a possibilidade de recombinação de material genético de espécies diferentes. Assim, a superação destas duas fronteiras serviu de base à legislação europeia sobre OGM – Organismos Geneticamente Modificados, definidos como “qualquer organismo, com exceção do ser humano, cujo material genético tenha sido modificado de uma forma que não ocorre naturalmente por meio de cruzamentos e/ou recombinação natural”.3 Por conseguinte, nos últimos 20 anos, a biologia molecular avançou muito, apresentando progressos na área da tecnologia de sequenciamento de ADN e de ferramentas de análise bioinformática. Com estes

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