Cultivar_30

Os sistemas alimentares em todo o mundo passaram de sistemas rurais para sistemas industrializados. No entanto, a perda de biodiversidade e de agrobiodiversidade, juntamente com a degradação ambiental, levou a um aumento da desigualdade nas e entre as comunidades. A acessibilidade económica de uma dieta recomendada tem melhorado ao longo do tempo, mas a atual transição do sistema alimentar está longe de ser uma transformação consistente, que garanta o bem-estar humano e o desenvolvimento sustentável, com implicações positivas na saúde, na diminuição da desigualdade, na mitigação da degradação ambiental e da emissão de gases com efeito de estufa. Outros elementos da realidade do sistema alimentar são: o fenómeno nefasto do desperdício e o facto de as cadeias de abastecimento serem homogéneas e afastadas dos operadores agroalimentares associados à agricultura familiar. O crescimento populacional mundial exige mais alimentos, maior produção, maiores rendimentos. Em simultâneo, está a ocorrer a perda de superfície arável e existem maiores desafios ambientais. Devido a estes fatores, os sistemas agrícolas vão sofrendo modificações e as principais culturas que foram o foco dos melhoradores atingem os patamares máximos dos seus rendimentos, o que determina a necessidade urgente da sustentabilidade dos sistemas produtivos. Portugal, considerado como tendo um sistema alimentar em modernização, em transição entre o rural e o agroindustrial, reserva aspetos socioeconómicos, culturais e ambientais das comunidades, sobretudo em territórios de baixa densidade, ainda enraizados nas práticas tradicionais e na dependência do ambiente natural. Porém, o país tem a população concentrada no litoral onde a alimentação com pendor da transformação e processamento tem forte presença com as vantagens e desvantagens associadas a essa modernização. Fundamental para a resiliência dos sistemas alimentares é o nível de biodiversidade em que se baseia a produção alimentar, sustentado pelo número de recursos genéticos vegetais (RGV) e animais conservados para utilização na alimentação. Tendo este mote de vanguarda, pretende-se dar continuidade e atualizar o testemunho de mais de 40 anos do BPGV na conservação dos RGV. 113 A contribuição do BPGV para o desenho contemporâneo da agricultura e alimentação ANA MARIA BARATA, CARLOS GASPAR, FILOMENA ROCHA, ISABEL SILVA, MADALENA VAZ, OCTÁVIO SERRA e VIOLETA LOPES Banco Português de Germoplasma Vegetal (BPGV), Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária I.P. (INIAV)* * https://www.iniav.pt/bpgv

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