Cultivar_30

Melhoramento genético de plantas no INIAV-Elvas 109 Relativamente ao trigo, as variedades de trigo mole Almansor e Roxo ocupam uma área significativa deste sistema pelas suas apreciáveis características de qualidade. Num conceito de qualidade diferenciada, hábitos de consumo e procura pelos consumidores, as variedades de conservação Pirana e Preto Amarelo, e o Barbelinha (população Barbela) têm sido bastante utilizadas. No caso do triticale, é pelas suas características de rusticidade que é utilizado no sistema como cereal de dupla aptidão. São exemplos as variedades Alter e Monsaraz que integram a rotação como cereal para produção de grão, ou as variedades Fronteira e Gavião que mostram maior aptidão para produção de forragem. Estas últimas, de ciclo mais longo, podem ser semeadas logo às primeiras chuvas, em outubro ou princípio de novembro, e possuem capacidade de assegurar o pastoreio ainda durante o inverno. Salienta-se que esta capacidade existe porque estas variedades foram previamente estudadas e selecionadas por apresentarem crescimento inicial rápido. Nos sistemas mistos, onde a sustentabilidade económica da produção animal constitui um objetivo primordial, o facto de se poder dispor de “erva” durante o inverno, quando as pastagens têm um desenvolvimento reduzido, evita a distribuição de outras fontes de alimento normalmente mais dispendiosas. O programa de melhoramento de triticale nos últimos 20 anos, tem recorrido a introgressão de genes de vernalização e de resposta ao fotoperíodo, por cruzamento de triticales de hábito de primavera com triticales de hábito de inverno provenientes de programas de melhoramento da Europa e Canadá. Assim, as novas variedades têm capacidade para acumular elevada biomassa no inverno e ao mesmo tempo são capazes de recrescer após o pastoreio. Em corte único constituem uma excelente opção para silagem, fenossilagem ou feno (Pinheiro et al, 2019). A utilização de proteaginosas/leguminosas para grão é fundamental para a sustentabilidade destes sistemas e garantia de capacidade de transição para a agroecologia, o que poderá, em simultâneo, assegurar a ocupação dos territórios e explorar o carácter multidimensional da agricultura como aprovisionadora de alimentos e serviços ecossistémicos de grande valor para toda a sociedade. A produção destas espécies contribui, de facto, para reduzir a dependência da importação de fontes proteicas, nomeadamente para a alimentação animal, ao mesmo tempo que assegura a racionalidade do sistema através do efeito nos solos e na biodiversidade. O melhoramento de leguminosas é conduzido tendo em conta as exigências agronómicas de adaptação das diferentes espécies: faveta, grão-de-bico e ervilha, para solos com pH próximo da neutralidade, e tremoço, tremocilha e chícharo, para solos com pH mais baixo. Estes programas de melhoramento têm desenvolvido variedades com adaptação e capacidade produtiva ajustada ao potencial dos territórios. Para este sistema, o INIAV-Elvas obteve variedades como Favel (faveta), Estoril e Giribita (tremoço), Acos e Cardiga (tremocilha), Grão-da-comenda e Grão-da-gramicha (chícharo), Eribel, Pixel e Grisel (ervilha-forrageira) e, Elite e Elmo (grão-de-bico preto). Igualmente relevante para este sistema está a produção de forragens para conservação (silagem, fenossilagem e feno). Assim, acrescenta-se a aveia às espécies já mencionadas para o sistema anterior pelas suas características de qualidade e adaptabilidade. As variedades Sta. Eulália, Sta. Rita, Sto. Aleixo e Boa-fé têm assumido grande relevância. Duas novas variedades de aveia estão atualmente em processo de registo no CNV. 3. Sistemas de produção de arroz No contexto da agricultura nacional, o arroz ocupa cerca de 30 000 ha, caracterizados por um ecossistema específico nas bacias do rio Mondego, Tejo, Sorraia e Sado, predominando o modo da cultura em alagamento permanente das parcelas. Em 2003, após cerca de 20 anos de interrupção, o INIAV teve a responsabilidade de reiniciar o programa de melhoramento do arroz. Com a colaboração do ITQB NOVA - Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier e o envolvimento da ex-DRAP Centro, foram retomados os trabalhos de melhora-

RkJQdWJsaXNoZXIy MTgxOTE4Nw==