108 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 30 ABRIL 2024 – Melhoramento e técnicas genómicas valecentes e adaptação às condições agroclimáticas das regiões com ambiente mediterrâneo. Desenvolve uma abordagem integrada dos sistemas de agricultura que se centram nas cadeias de valor dos cereais de outono/inverno, arroz, proteaginosas/leguminosas-grão, pastagens, forragens e olival com dois objetivos principais: o desenvolvimento de germoplasma com adaptação agronómica e tecnológica às condições do Mediterrâneo e a aquisição de conhecimento em áreas científicas complementares ao melhoramento genético, visando a melhor compreensão dos mecanismos genéticos e ecofisiológicos que regulam o comportamento e a adaptação das plantas ao ambiente. Deste último, destacam-se a utilização de novas ferramentas de genotipagem e fenotipagem de elevado débito, que acrescentam valor aos programas de melhoramento convencional ao permitirem uma seleção mais dirigida para a identificação de características de interesse. Numa visão integrativa, são considerados cinco sistemas de agricultura em que se enquadram as espécies anteriormente mencionadas e respetivas cadeias de valor: 1. Sistemas de agricultura extensivos com predomínio da produção vegetal desenvolvidos em solos com elevada capacidade produtiva e com possibilidade de regadio suplementar Estes sistemas permitem a introdução de técnicas e práticas agronómicas de intensificação sustentável baseada na rotação de culturas e envolvem os cereais de outono/inverno (trigo mole, trigo duro e cevada), as proteaginosas/leguminosas-grão (grão- -de-bico), as oleaginosas (colza, girassol) e as forragens de qualidade (misturas de gramíneas e leguminosas). Para estes sistemas exigem-se variedades com elevado potencial genético de produção e qualidade, capazes de responder à melhoria das condições de produção. Nesta linha, o INIAV tem registadas no Catálogo Nacional de Variedades (CNV) as variedades de trigo mole: Paiva e Reno; de trigo duro: Bridão, Fado, Gingão, Vadio; de triticale: Fronteira e Gavião; de grão-de-bico: Elvar, Elixir, Eldorado, Eladir, Electra, Eleia, Elfo e Elipse; de ervilhaca-vermelha: Fontainhas e Lage; de ervilhaca-dos-cachos-roxos: Amoreiras e Casal; de ervilhaca-vulgar: Barril, Gil Vaz e Piedade; de bersim: Belém; de trevo-vesiculoso: Lança e de trevo-da-pérsia-das-flores-grandes: Maral e Resal. 2. Sistemas de agricultura extensivos de carácter misto (produção vegetal e produção animal) desenvolvidos em solos com menor capacidade produtiva e em condições de sequeiro Estes são sistemas em que a regularidade de produção e a diferenciação se apresentam como objetivos primordiais onde por vezes é necessário sacrificar o potencial genético de produção para melhorar a estabilidade das produções e a adaptação às condições existentes. A seleção de materiais é aqui conduzida alternadamente em condições favoráveis e desfavoráveis, visando a identificação de genótipos com elevada regularidade de produção e com qualidade diferenciada, quer de grão quer de biomassa. A heterogeneidade de condições que é possível encontrar ao longo dos territórios nacionais onde se desenvolvem estes sistemas condiciona a interação genótipo x ambiente que é avaliada através de ensaios multilocais REA (Rede de Ensaios de Adaptação). Isto torna possível a identificação de genótipos com interação positiva, com resultados médios superiores e que se aproximam do potencial dos locais. O carácter integrado da produção animal em regime extensivo com a produção de cereais e proteaginosas/leguminosas-grão e ainda forragens que asseguram silagem, fenossilagem, feno, palha e restolho, obriga à seleção de espécies e variedades com adaptação a esse regime. Neste sistema, consideram-se o trigo mole, triticale e aveia como cereais, a faveta, tremoço, tremocilha, chícharo, ervilha forrageira e grão-de-bico preto como proteaginosas, e misturas forrageiras com base em triticale, aveia e leguminosas forrageiras, para integrarem rotações de duração mais longa atendendo à fertilidade dos solos.
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