Cultivar_30

10 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 30 ABRIL 2024 – Melhoramento e técnicas genómicas estarem atentas à conservação destes importantes recursos e falam de projetos concretos, como o OPTIBOV, que permite simultaneamente recolher conhecimento tradicional e gerar novo conhecimento sobre raças locais e não só, numa faixa considerável de território que, no caso deste projeto, vai desde África até ao Norte da Europa. Manuel Loureiro, do GPP, coordena um artigo elaborado a partir dos contributos de diversas entidades, públicas e privadas, e investigadores que trabalham no melhoramento florestal em Portugal nas diversas fileiras relevantes: castanheiro (Rita Lourenço Costa, do INIAV); eucalipto (José Alexandre Araújo, do Raiz); pinheiro (Susana Carneiro, Pedro Teixeira e Margarida Mendes Silva, do Centro PINUS, e Isabel Carrasquinho, do INIAV); sobreiro (Filipe Costa e Silva, do ISA, e Ana Usié e Liliana Marum, do CEBAL); e ainda o projeto Melhoramento genético e materiais florestais de reprodução (Luís Leal, da Altri) e o PROGEN – Programa Operacional da Administração Pública para a Conservação e Melhoramento dos Recursos Genéticos Florestais (Cristina Santos, Ana Almeida e José Manuel Rodrigues, do ICNF). O conjunto dos depoimentos recebidos permite traçar o panorama do mais recente trabalho desenvolvido no nosso país nesta área. No artigo de Benvindo Maçãs et al., do INIAV, esclarece-se o longo processo de criação de novas variedades mais adaptadas a condições sempre em mudança e a importância crescente desse processo. “A resiliência da agricultura depende da adaptação das espécies/variedades aos novos cenários.” O sucesso dessas novas variedades depende, por sua vez, da variabilidade da população de partida e da forma como essa variabilidade é gerida e aumentada. São assim apresentados cinco sistemas nos quais se centra este trabalho desenvolvido no INIAV: sistemas de agricultura extensivos com predomínio da produção vegetal; sistemas de agricultura extensivos de carácter misto (produção vegetal e produção animal); sistemas de produção de arroz; sistemas de pecuária extensiva e sistemas de produção de olival. O objetivo é sempre “o melhoramento de variedades que assegure a segurança alimentar e a transição para a agroecologia”. Por sua vez, o artigo de Ana Maria Barata et al., do Banco Português de Germoplasma Vegetal, versa a importância dos Recursos Genéticos Vegetais e do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido nesse domínio em Portugal, na Europa e no mundo, desde sobretudo a década de 1950. Referem as diversas organizações e projetos existentes a vários níveis, salientando a forma como o nosso país se integra desde há muito nessas linhas de trabalho e o incremento na atividade que tem havido recentemente devido às novas tecnologias. Esclarece os contributos dados pelos bancos de germoplasma nacionais para as estratégias nacionais criadas, as iniciativas tomadas em contacto com os agricultores, no terreno, o desenvolvimento das capacidades institucionais e humanas, as parcerias estabelecidas tanto a nível nacional como da UE e globalmente e, acima de tudo, como isso se relaciona com a valorização dos recursos endógenos e locais, nunca perdendo de vista uma visão planetária para a resolução dos problemas da agricultura e da alimentação. Nas Leituras, lemos desta vez: o recente estudo da CAP e da associação P-Bio designado por Agrobiotech, que traça o panorama da aplicação das técnicas da biotecnologia em Portugal para procurar criar uma estratégia comum; um relatório do JRC – Centro Comum de Investigação sobre o estado da arte em matéria de Novas Técnicas Genómicas; um relatório espanhol, da associação Anove e do Institut Cerdà, sobre o setor do melhoramento vegetal e as questões do abastecimento alimentar; e, finalmente, um estudo do IFOAM – Organics International sobre o melhoramento na área da agricultura biológica.

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