Cultivar_3_Alimentação sustentável e saudávell

cadernos de análise e prospetiva CULTIVAR N.º 3 março 2016 80 pelo menos desde o início na nacionalidade. Esta atividade irá assumir particular relevância para o País após a destruição da Invencível Armada, na qual haviam sido integrados sob bandeira espa- nhola todos, ou quase todos, os veleiros portugue- ses, inviabilizando portanto o acesso aos pesquei- ros da Terra Nova por parte na armação nacional. O recurso à importação foi sendo uma solução comercial óbvia para o suprimento alimentar das populações, sobretudo com países com quem Por- tugal trocava bens de consumo ou matéria-prima valiosa como a França, Inglaterra ou a Flandres. Após a adesão à CEE, Portugal tem gerido a aquisi- ção de matéria-prima para a indústria com recurso a contingentes que beneficiam de redução de direi- tos dado que resultam de negociação direta da União com Países Terceiros. Contudo, é um dado adquirido que, pesem os contingentes com redu- ção de direitos pautais instituídos pela UE, aqueles totais não são minimamente suficientes para satis- fazer a procura da indústria de secagem, quando menos de 30% dos volumes de bacalhau importa- dos beneficiam de redução de direitos. Para efeitos de referência, em 2008, Portugal impor- tou 96,2 mil toneladas de bacalhau nas suas dife- rentes componentes, congelado, refrigerado, sal- gado verde (BSV) e salgado seco (BSS), com um custo agregado de 455 milhões de euros, com as três primeiras destas componentes a se dirigirem essencialmente à indústria de salga e secagem, e a componente de seco a dirigir-se quase em exclusivo ao consumo final. Já em 2014 3 , Portugal importou 115,2 mil toneladas de bacalhau nas suas diferen- tes componentes, congelado, refrigerado, salgado verde (BSV) e salgado seco (BSS), com um custo agregado de 378 milhões de euros. A diferença do custo de aquisição total, conside- rando aqueles dois anos de referência, reflete a quebra de preço da matéria-prima inerente aos últi- mos anos (-17%), e ocorreu em todos os segmen- tos do produto. Porém, comparando o ano de 2013 com 2014 já se vislumbra uma inversão daquela tendência de decréscimo (+4,1%). Tendo em conta as diferentes características das tipologias de produto (congelado, BSV e BSS), e normalizando cada uma daquelas apresentações em estimativa de peso à saída de água (EPS), con- segue-se perceber que Portugal importou cerca de 234 mil toneladas de bacalhau, reportado a fresco em 2008 (Duarte, 2009) e 291 mil toneladas em 2014. Entre 1994 e 2014 as importações totais de baca- lhau em EPS, na conjugação das suas tipologias de produto, oscilam regularmente entre as 230 mil e 3 Deve ter-se em conta que, quanto à totalidade da Balança Comercial, os últimos números oficiais desagregáveis e disponíveis para ano inteiro, reportam-se ao ano de 2014. Quadro 4 – Quantidade Importada de Bacalhau (toneladas) Fresco Congelado Salgado Verde Salgado Seco Total reportado a peso à saída de água (EPS) 2009 1.574 50.792 26.888 19.304 242.963 2010 2.745 42.100 26.118 21.726 234.077 2011 4.107 38.054 27.836 24.617 243.177 2012 2.935 44.362 24.792 31.945 270.145 2013 4.186 52.045 32.525 31.963 308.954 2014 4.128 53.022 28.755 29.263 291.433 Fonte: Cálculos próprios, INE Estatísticas da pesca

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