Cultivar_3_Alimentação sustentável e saudávell

cadernos de análise e prospetiva CULTIVAR N.º 3 março 2016 76 decréscimo considerável (embora o salgado verde, matéria-prima da indústria de secagem, só tenha conseguido refletir algumdesse potencial na década seguinte). Todavia, com a regressão da capacidade de pesca nacional, os volumes de importação de produto seco, o produto final, e de salgado verde, o constituinte absoluto de matéria-prima para a indústria de secagem, aumentaram exponencial- mente. Quadro 2 – Evolução Comparativa entre a Pesca e a Tipologia da Importação (toneladas) Pesca Efetuada Importado Seco Importado Verde 1944 24.679 11.874 1.435 1948 35.324 16.710 1.965 1952 53.255 7.076 1.894 1955 68.537 7.285 11.669 1958 59.826 7.452 20.924 1962 72.531 7.816 18.299 1973 46.704 10.830 15.270 1981 14.738 … 38.936 1998 5.917 19.258 60.876 Nota: Os dados de importação relativos a 1981 não permitem a desagrega- ção entre verde e seco. Não estão incluídas as importações em congelado, muito relevantes para a indústria a partir da década de noventa (25.122 ton em 1998). Quadro 3 – Evolução Comparativa entre Pesca, Produção e Importação (toneladas) Pesca Efetuada Produção Seco Importação (verde e seco) 1951 48.959,2 35.638,4 16.662,0 1961 65.859,7 46.856,5 15.857,0 1976 40.305,0 … 44.179,6 1981 14.738,0 … 38.935,6 1985 16.721,0 36.125,0 89.886,4 1997 4.374,0 67.854,6 82.688,3 Fonte:  Relatórios da CRCB e do GEP (1944 a 1985), Dados Técnicos, não publicados, da DGPA (1997). Cálculos a partir das Estatísticas da Pesca/INE (1997 e1998) Nota: Enquanto existiu armação nacional com produto destinado à salga e secagem, o consumo é calculado pela soma entre as quantidades pro- cessadas de bacalhau nacional e as quantidades de bacalhau impor- tado. Desde que cessou a pesca de bacalhau destinada à salga e seca- gem, o consumo é igual ao valor do bacalhau salgado importado (com as correções sobre os totais de salgado verde). Os valores da produ- ção de 1997 são praticamente o resultado parcial do bacalhau salgado verde importado. O início do século XX trará finalmente a liberação dos regimes de controlo, permitindo então a cons- trução de novos navios em moldes mais rentáveis da sua exploração (Duarte, 2000). Após a Grande Guerra dar-se-á a grande expansão da frota, que em 1924 atingirá as 65 unidades. De 1926 a 1934, a frota nacional capturou cerca de 5,5 mil toneladas anuais, enquanto que a impor- tação ascendeu a 43 mil toneladas, ou seja, ape- nas cobria cerca de 12% do total necessário para o abastecimento do País. Em 1934 o sector bacalhoeiro passará a ser sujeito a uma intervenção corporativa própria do Estado Novo, tendo sido fundada a Comissão Reguladora do Comércio de Bacalhau (CRCB) que tinha por missão regular o comércio do bacalhau pescado por navios nacionais e, simultaneamente, regular a importação. A importação do produto, seco ou verde, passou a ficar condicionada e sujeita à apro- vação prévia por parte daquele organismo: o seu objetivo final era harmonizar os preços do bacalhau de origem nacional com o importado. Serão cons- truídos os armazéns frigoríficos do Porto em 1939, de Lisboa em 1941 e de Aveiro em 1947, com capa- cidade para mais de 15 mil toneladas. Em 1938 o País consumia cerca de 50 mil toneladas, das quais o armamento nacional apenas cobria em 52%. Já em 1953 o mercado praticamente dupli- cou a sua procura para, das quase 90.000 tonela- das necessárias, a frota cobrir 77% daquele total. Com exceção da década de 50 do século XX, após um esforço considerável das estruturas corporati- vas do Estado para diminuir a dependência do for- necimento baseado em importações, naquele que foi o momento histórico em que as importações totais de seco foram as mais baixas de sempre, a importação tem vindo a ganhar terreno. Na realidade, conforme a produção pesqueira aumentou, a importação em seco conheceu um

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