Cultivar_3_Alimentação sustentável e saudávell

cadernos de análise e prospetiva CULTIVAR N.º 3 março 2016 54 tando um valor, em 2013, de 85,5% (75%, se usar- mos o indicador corrigido dos consumos intermé- dios duplicados, o que nos parece mais correto). O grau de autoaprovisionamento de bens florestais manteve-se relativamente estável até 2010, a par- tir deste ano tem vindo a crescer tendo registado 128,5% em 2013. O indicador Produção/(Produção + Importações – Exportações) é utilizado habitualmente como uma apro- ximação à capacidade de autoaprovisionamento (e o seu complementar à dependência do exterior) mas deve ser interpretado com prudência, em particular, quando cal- culado a um nível agregado, como acontece neste caso. Mesmo quando calculado para um produto específico (como por ex. na Balança Alimentar do INE), o facto de ser superior a 100% não permite concluir sobre a capacidade de o país se abastecer desse bem sem recurso ao exterior. Efetivamente, o facto de o país estar a produzir uma quan- tidade suficiente para satisfazer todo o consumo interno não significa que o conseguisse fazer no caso de não poder importar os fatores de produção necessários para essa produção (por ex., combustíveis, máquinas, rações). Em sentido contrário, o facto de o país não estar a produ- zir a quantidade necessária de um bem, num determinado momento, não significa que não o pudesse fazer com os recursos disponíveis internamente (por ex., há terra e capacidade de trabalho não utilizadas ou com outras utili- zações que poderiam ser afetadas à produção desse bem). Quando se analisa a questão em termos agregados para todos os bens alimentares, aumenta a complexidade da análise, nomeadamente, porque o valor dos bens alimen- tares reflete custos de fatores de produção que provêm do resto da economia e do próprio sector alimentar. O somatório de todas as produções alimentares com- porta, ainda, algumas contabilizações repetidas. É o caso das produções alimentares que são sucessivamente trans- formadas antes de serem consumidas pelo consumidor final (por ex., cereais que são incorporados nas rações que são, por sua vez, usadas na alimentação dos animais, que irão ser abatidos e transformados até serem objeto de consumo humano). O efeito de contabilizações repeti- das pode ser melhorado, deduzindo ao valor da produção os intra consumos do complexo agroalimentar, ou seja os bens utilizados pelos ramos de transformação alimentar e não diretamente pelos consumidores finais. O indicador resultante é o seguinte: Produção consoli- dada/Produção consolidada + Importações – Exporta- ções de 48,2% e florestal com 75,1% de orientação para o mercado externo. Esta evolução é reveladora da capacidade que o sector teve em diversificar o destino dos seus pro- dutos em resposta às dificuldades da procura interna em resultado da crise económica. Mesmo para a agricultura, em que muitos bens pelas suas dificuldades de conservação não permitem a expor- tação na sua forma primária, os mercados exter- nos representam 12,6%, a que haverá que somar as exportações indiretas em particular sob a forma agroindustrial (4% da produção agrícola – ver qua- dro abaixo) e através do turismo. O grau de autoaprovisionamento alimentar teve recentemente um pequeno crescimento, apresen- 30.000 25.000 20.000 15.000 10.000 5.000 0 10 75 50 25 0  Grau de autoaprovisionamento    Consumo aparente    Produção alimentar P – dados provisórios Fonte: GPP, a partir de Contas Nacionais, INE (Base 2011); Data da versão dos dados: setembro de 2015. Gráfico 8 – Grau de autoaprovisionamento alimentar (%) e respetivas componentes (milhões de euros) 2000 2002 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 P 2001 2003 Gráfico 9 – Exportações e Importações alimentares (milhões de euros)  Exportações alimentares     Importações alimentares P – dados provisórios Fonte: GPP, a partir de Contas Nacionais, INE (Base 2011); Data da versão dos dados: setembro de 2015. 2000 2002 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 P 2001 2003 10.000 8.000 6.000 4.000 2.000 0

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