Cultivar_3_Alimentação sustentável e saudávell

Contributos para uma estratégia de promoção da alimentação saudável e sustentável em Portugal 37 the Prevention and Control of Noncommunicable Diseases 2012-2016 (WHO Europe), reconhecendo que as doenças crónicas são a principal causa de mortalidade e morbilidade capaz de ser preve- nida na região Europeia. De acordo com a declara- ção da First Global Ministe- rial Conference on Healthy Lifestyles and Noncommu- nicable disease control , a promoção de uma alimen- tação saudável, através da redução do consumo de gordura saturada, de gor- dura trans , de sal e de açú- car e através do aumento do consumo de fruta e hor- tícolas, merece particu- lar atenção (18). Segundo este documento, produzido pelas Nações Unidas, o atual desafio que se coloca é a necessidade de desenvolver e implementar polí- ticas de alimentação e nutrição que apesar de cen- tradas na promoção da saúde, sejam ao mesmo tempo capazes de ser um importante veículo de posicionamento da economia europeia e ainda um elemento agregador dos interesses de vários secto- res – agricultura, educação, turismo, cultura, econo- mia, restauração/indústria, comércio e ambiente. A estratégia alimentar e nutricional, inicialmente centrada na sua ligação com a saúde e na disponi- bilidade de alimentos com o objetivo de combater a fome e a inadequação nutricional veio gradual- mente a focar-se na promoção da saúde e na pre- venção e combate à doença crónica numa perspe- tiva intersectorial. É neste contexto que surge em 2012 o Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudá- vel. Em Portugal, à semelhança do que se passa em outras regiões desenvolvidas, estima-se que 28% dos DALY (DALY – Disability Adjusted Life Years – Número de anos de vida perdidos devido a morte prematura e número de anos de produtividade per- didos por incapacidade e reforma prematura) sejam imputáveis a fatores de risco comuns às doenças crónicas (tabagismo, abuso de álcool, baixo con- sumo de frutas e hortíco- las e défice de atividade física), número que se eleva aos 35% quando se inclui a obesidade e a pré-obesi- dade (37). Neste contexto as “doenças do aparelho circulatório” representavam em 2013, a principal causa de morte com 300,5 óbi- tos por 100 000 habitantes, seguindo-se os “tumores” com 247,3 óbitos e depois a diabetes com 43,5 óbitos por 100 000 habitantes (Por- data, 2013). A WHO estima que na Europa, a proporção de casos de doenças crónicas atribuíveis ao valor elevado do peso cor- poral estimado pelo Índice de Massa Corporal (IMC) (superior a 21 kg/m2) em adultos com idade supe- rior a 30 anos, seja, para doenças como a diabetes tipo 2 de 78 % para homens e 84 % para mulheres ou, no caso da hipertensão, de 56 % para homens e 50% para mulheres, o que demonstra o elevado fator de risco que a pré-obesidade/obesidade pode representar para o desenvolvimento destas doen- ças. A obesidade sendo um cofator no apareci- mento de outras doenças crónicas pode também ser considerada per si uma doença crónica e é tal- vez o maior problema de saúde pública entre nós. Portugal insere-se, assim, num contexto nutricio- nal caracterizado por uma elevada prevalência de obesidade concomitante com um alargado cenário de insegurança alimentar ligeira, sendo as doenças crónicas as principais causas de morte. Neste contexto, era imperativa a implementação de uma política alimentar em Portugal que fosse capaz de melhorar o estado nutricional da popula- ção colocando à sua disposição alimentos proteto- Na década de 2000 é desenvolvido o Primeiro Plano de Ação para as políticas alimentares e nutricionais (WHO European Region 2000- 2005), que expressa a necessidade do desenvolvimento de políticas de alimentação e nutrição voltadas para a promoção da saúde […] Isto porque a meio da década e de forma progressiva as questões da higiossanidade dão lugar às preocupações com os impactes das doenças crónicas, sendo aqui central a questão da obesidade.

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