Breve historial da Federação dos Grémios da Lavoura do Nordeste Transmontano 93 rega e os rendimentos expectáveis por hectare, antes e depois do projeto. Incluía ainda as produções preconizadas para as áreas respetivas O conceito central era a construção de pequenas barragens de terra batida, muito mais baratas, comparativamente com outros empreendimentos de maiores dimensões, tanto no que respeita à construção, como à distribuição de água. Poucas ficaram terminadas antes da revolução de 25 de abril de 1974. O regadio foi a luta mais dura da região, que ainda hoje perdura, com menos de 10% da área irrigada prevista há mais de 50 anos. 6.4. Mecanização A intensificação da produção, avaliada a carência de mão de obra e ponderada a variedade e descapitalização dos produtores, conduziu a um programa de mecanização que constava de instalação de núcleos de mecanização em localidades onde fossem necessários. Foram adquiridas dezenas de tratores, com as alfaias respetivas, instalados em freguesias que os solicitassem, mediados por uma associação de agricultores local. O operador do equipamento era funcionário da Federação e a manutenção era da responsabilidade desta. O trabalho de mecanização era solicitado pelos sócios, contabilizado à hora e, segundo o tipo de trabalho, era pago mensalmente. Estava previsto que cada núcleo de mecanização passasse para a propriedade da associação respetiva, desde que a sua amortização tivesse chegado ao seu término. Falamos de várias dezenas de núcleos de mecanização nos distritos de Bragança e Vila Real, que constituíram o embrião de futuros investimentos privados, existentes hoje, às centenas, em algumas freguesias. Seguiram-se ceifeiras debulhadoras e vibradores de colheita mecânica. 6.5. Meios humanos Em 1966, o CAICA tinha já nos seus quadros uma dezena de agrónomos e veterinários, duas dezenas de técnicos intermédios e muitos técnicos estrangeiros a colaborar na montagem das tecnologias industriais e na formação de técnicos e encarregados das linhas de fabrico. Mecânicos de máquinas agrícolas, extensionistas, encarregados, operadores de todo o tipo de máquinas, contabilistas, mecânicos de frio, e muitos outros responsáveis e operários, tiveram de ser formados, pois estas profissões não existiam à partida numa região que sofria de um tão grande atraso. A mão de obra menos diferenciada do Complexo era rentabilizada pela migração entre fábricas, de acordo com as campanhas dos vários produtos. Os funcionários do Complexo, como a generalidade dos produtores, aderiram massivamente ao projeto, certamente pela capacidade de liderança de Camilo Mendonça. 6.6. Aspetos sociais Paralelamente a todos as unidades industriais, de serviços ou de produção primária, foram ainda criados outros apoios ao CAICA, de índole social. Iniciou-se a construção de um bairro que se pretendia suficiente para a maioria dos trabalhadores do Complexo. Tinha capela, escola, creche, dois postos médicos e dispunha de uma cooperativa de consumo. O CAICA dispunha ainda de uma cantina. Por outro lado, a dispersão das cooperativas, com as suas áreas de produção adaptadas às necessidades locais, para além das suas potencialidades na área do agronegócio, levava ainda à satisfação de algumas das necessidades de emprego da região no seu todo. O CAICA era, também na área social, um plano integrado, agregando todas as regiões e potenciando as suas capacidades. 7. O futuro, o choque petrolífero e a revolução Desde 1973 que o mundo sofria as consequências de um choque petrolífero, fenómeno até então desconhecido e imprevisível. Toda a economia sofreu as suas consequências, reagindo de formas diversifica-
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