Cultivar_29

92 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 29 DEZEMBRO 2023 – Indústria agroalimentar tos. É relevante dizer que, durante estes 15 anos, foi criada, em média, uma fábrica por ano, para além de dezena e meia de cooperativas. As primeiras fábricas começaram a ser construídas nos anos de 1961 e 1963. Optou-se pela construção em granito pela sua durabilidade, potencialidades de isolamento, numa região muito quente, e sobretudo porque a pedra, mão de obra, transportes e construção, permitiam que todo o valor acrescentado ficasse na região. Para essa construção foram necessários fundos relevantes, provenientes de diversas entidades governamentais, maioritariamente da Junta de Colonização Interna. Foi necessário demonstrar aos governantes a eficiência dos investimentos, a sua rentabilização e as capacidades produtivas dessa região desconhecida e atrasada. Na década e meia que se seguiria, seria necessário fazer esta demonstração uma e outra vez, repetindo, repisando e recalculando. A verdade é que graças à tenacidade do CAICA, o financiamento foi surgindo a conta-gotas, com muitos avais da produção e dos seus representantes, tantas vezes pessoalmente. Surgiram então: uma fábrica de frutos preparados, um lagar de azeite com engarrafamento automático, uma destilaria, uma fábrica de rações, uma queijaria, um túnel de congelação, uma unidade de transformação de horto-industriais, uma queijaria e central de vapor, armazéns e escritórios. Estas foram as primeiras unidades a entrar em atividade. Nos produtos animais, estavam em laboração, em construção ou previstos um matadouro industrial, uma fábrica de enchidos, uma lavandaria de lãs (estas terminadas ou em fase de conclusão) e ainda uma fábrica de fiação de lãs, tinturaria e um projeto de tecelagem de âmbito regional. As tecnologias implementadas eram em grande parte oriundas dos países supracitados. Com base nas opções de produção, as empresas fornecedoras foram selecionadas, sendo igualmente contratado o apoio na instalação de equipamentos e formação profissional, no arranque das unidades industriais. Foi assim adquirida e montada in situ a tecnologia mais recente de toda a Europa. Comercialização e marketing A par da industrialização, foi preparado um programa de comercialização e marketing adaptado aos mercados selecionados. Dada a escassez de produtos em Portugal, a grande maioria da produção foi encaminhada para o mercado nacional, sem esquecer os mercados europeus, onde os comerciais do CAICA andavam já a consultar mercados, apoiados pelos fornecedores de equipamentos fabris. Países como o Japão (castanha), França (marron glacée), Alemanha (amoras), cordeiros (Itália) – estes em especial nestes produtos, mas muitos outros na generalidade e diversidade desta oferta – eram já clientes, assim como o mercado nacional, que absorvia a grande parte da produção. A industrialização pressupunha um sistema comercial adaptado ao fim em vista, capaz de colocar no mercado os produtos manufaturados. O CAICA desenvolveu, assim, um sistema comercial nacional e internacional baseado em normas de marketing valorizando a geografia regional. Os vales, serras ou rios davam o seu nome a linhas de produtos. Sabor, Tua, Nordeste e Bornes são nomes de rios e montanhas que deram nome a linhas de produtos. A qualidade destes produtos veio a impor-se por si, ao longo de décadas. 6.3. Regadio Muito haveria a dizer sobre o regadio, mas o tema é tão extenso que nos levaria a diversos artigos bem mais pesados que este. Limitar-nos-emos a dizer que o plano de regadio foi programado para apoiar os planos de produção primária e tinha por objetivo o regadio de 80.000 hectares de terras aráveis de qualidade superior. Este assunto poderá ser desenvolvido pela leitura do IV Plano de Fomento, datado de 1973. Neste Plano, estavam feitas as contas de exploração, antes e após o regadio, para cada uma das regiões/ regadios propostos no mesmo Plano de Fomento. Cada barragem aí proposta incluía o local, área de

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