Breve historial da Federação dos Grémios da Lavoura do Nordeste Transmontano 91 figos diariamente, provenientes de 80 Km em redor (eventualmente de outras regiões). O subproduto da destilação era também comercializado, com grande sucesso, para alimentação de vacas leiteiras, contribuindo para a sua rentabilização. Fácil é compreender-se como, numa economia profundamente deprimida, e sem trabalho uma boa parte do ano, a população feminina se dedicava à colheita de amoras de silva na época própria, que eram depois ultracongeladas. Em dois locais, Alfândega da Fé e no próprio Cachão, foram criadas cooperativas de produção, uma com cerca de 700 ha e a outra com pouco mais de 300 ha. Dezenas de produtores associaram as suas terras, onde foram feitos melhoramentos tais como barragens de regadio, plantações de pomares, estábulos para animais (ovinos, suínos), acessos, mecanização. Nas fases do ano respetivas, eram ainda feitas colheitas de grande quantidade de ervilha, em sobcoberto nos pomares, com o fim de ocupar mão de obra feminina excedentária, na produção e no Complexo. Todas estas produções, novas ou tradicionais, foram avaliadas em termos da distribuição geográfica no que se refere a clima, regadio, variedades, utilidade social e aceitabilidade comercial, numa perspectiva integrada. Para isso contribuíram os técnicos supracitados e, posteriormente, depois de 1965/1966, os técnicos próprios do Complexo, em articulação com os demais. Foram criados viveiros, do CAICA e apoiando privados, para produzir as plantas que inicialmente eram importadas (tomateiros, pimenteiros, árvores de frutos, ) e posteriormente passaram a ser produzidas localmente. Os técnicos de extensão rural do Complexo visitavam os produtores dando as informações necessárias para as novas culturas, talvez o primeiro serviço de extensão rural do país, a par dos saudosos programas televisivos do Eng.º Sousa Veloso. Mais do que tudo, foi necessário adaptar as tecnologias modernas às realidades e aos condicionalismos regionais. Foi ainda necessário dotar a região de uma rede de distribuição de adubos, até então inexistente, dada a necessidade de incrementar as produções. Cada vez mais era necessário fomentar a formação profissional, para acompanhar os desafios da modernização e apoiar os criadores nas suas necessidades, bem comoos técnicos e operários do Complexo. Os desafios eram enormes. 6.2. Industrialização É muito difícil avaliar o esforço que a industrialização exigiu ao Complexo. A visão de Camilo Mendonça, no caso presente, era que a indústria teria de vir antes do fomento da produção. Pouco antes, mas, ainda assim, antes. No esforço de industrialização, ficou assente um núcleo central para as produções necessitando de mais tecnologia ou de investimentos mais pesados, situado no Cachão, e uma rede de cooperativas, cada uma delas com capacidades industriais à medida das potencialidades regionais. Falamos de lagares de azeite e de vinho, armazéns de frutos e de batata e, em Macedo de Cavaleiros de um subcentro dotado de fábrica de compotas, entreposto frigorífico de frutas, produção de cogumelos, lagar de azeite e de vinho e entreposto frigorífico de batata. Todos os concelhos tinham uma unidade cooperativa à medida das suas necessidades e capacidades agroindustriais, o que associava aspetos de índole social, como o emprego. A região alargada funcionava como um todo, associando os grémios (comercialização de fatores de produção) às cooperativas (industrialização e canalização para o mercado e para o Cachão). Para tudo isto, foram contactados técnicos, académicos e empresas de países da área mediterrânica, essencialmente Espanha, França e Itália, através de informações obtidas de técnicos, académicos e industriais portugueses. Os pontos de contacto foram intensivamente visitados e, ao longo de década e meia, milhares de horas de trabalho foram gastas em viagens e na seleção de técnicas, tecnologias, equipamentos, locais de formação, equipamen-
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