Cultivar_29

Breve historial da Federação dos Grémios da Lavoura do Nordeste Transmontano 89 tros de decisão, dos financiamentos públicos e sem o dinamismo necessário para mudanças. Camilo Mendonça era já muito conhecido pelas suas intervenções, na AN, conhecia o terreno e as suas gentes. Era preciso criar confiança e atrair colaboradores, urgentemente. Socorreu-se de alguns conhecidos para formar a Direcção da Federação e lançou de imediato ações com visibilidade. A FGLNT alugou um lagar de azeite e começou a trabalhar a azeitona em regime cooperativo; a diferença foi imediata, em termos de proveitos para o lavrador! Durante esse ano, foram adquiridas seis centenas de novilhos, após contrato com o matadouro do Porto e, mais uma vez, a mudança foi imediata, com alterações significativas na remuneração dos lavradores. Factos simples como estes atraíram visibilidade e interesse. A produção começava a perceber que alguma coisa estava a mudar. 5. Inicia-se a industrialização Paralelamente a esta atividade, é elaborado um Plano de Desenvolvimento Regional do Nordeste, que constava na realidade de vários projetos agroindustriais. Datado de inícios de 1962, nele estão esquematizados 11 projetos no valor de 215.000 contos (98 milhões de euros) que envolvem o aproveitamento do Vale da Vilariça (1) e do Vale de Macedo de Cavaleiros (2). Um terceiro prevê uma intervenção de florestação, ovinicultura e fruticultura na Serra de Bornes, sendo os outros a organização da fileira do leite de ovelha e vaca (4), a valorização das lãs, lavagem, fiação, tinturaria e artesanato (5). O projeto seguinte (6) seria o mais emblemático, pois envolvia cerca de duas dezenas de produtos que ainda não existiam, os horto-industriais. Seria necessário fomentar novas culturas e criar previamente o seu escoamento. Igualmente emblemático, o projeto seguinte (7) compreendia a produção de conservas de frutos, legumes e compotas, mas também os frutos preparados (8), como a azeitona de conserva, a cereja, a castanha, o pimento, a amêndoa, entre outros. A industrialização de carnes e legumes (9), que incluía um entreposto frigorífico, a aquisição de vacas de leite (10), mais tarde abandonado, e a armazenagem de vinhos (11) – destilação e armazenagem. Foi esta a génese inicial do CAICA. Para isso teve de demonstrar aos Ministérios e Secretarias de Estado respetivos – Economia, Finanças, Obras Públicas – os objetivos pretendidos e toda uma estratégia de investimentos. Esta demostração de intenções, projetos, contas previsíveis de exploração foi uma constante a Ministros, Secretários de Estado, Diretores Gerais, várias vezes ao ano, durante aqueles 15 anos; uma e outra e outra vez. Os serviços públicos, muito concentrados em Lisboa, não entendiam que se estava a fazer. Em poucos anos, foram feitos os investimentos que os poderes públicos não tinham feito em mais de 100 anos. A própria linha de caminho de ferro entre o rio Douro e Bragança tinha sido feita, no início do século XX, por um privado, cuja fortuna não resistiu ao esforço. 6. Um Plano Integrado Enquanto se desenrolavam os procedimentos de financiamento, adquiriram-se terrenos junto ao rio, ao lado da estação de caminho de ferro. As estradas eram péssimas, mas o rio garantia a água e o caminho de ferro, alguns transportes. A procura de técnicos habilitados foi uma odisseia pois que quem saía da região para estudar não queria voltar. Esta luta duraria 10 anos. Com o início de funcionamento das primeiras fábricas, por volta de 1963/1964, estavam já definidas as prioridades para a próxima década. Baseavam-se em seis linhas estratégicas, profundamente interligadas e que, para além do CAICA integravam diversas cooperativas, de diversos tipos, que iriam ser criadas ao longo dos anos seguintes, distribuídas pela região: 1. Agricultura e Pecuária 2. Industrialização 3. Regadio 4. Mecanização 5. Meios humanos 6. Aspetos sociais

RkJQdWJsaXNoZXIy MTgxOTE4Nw==