Indústrias agroalimentares: caracterização e evolução recente 45 destacam (para além dos frutos e produtos hortícolas que são sobretudo consumidos em fresco) o vinho, a produção de animais para carne (bovina, suína e de aves) e para leite. De facto, as matérias-primas agrícolas nacionais são os principais consumos intermédios das indústrias agroalimentares portuguesas5 (e perto de metade da produção agrícola nacional6 destina-se à indústria agroalimentar), ou seja, qualquer variação na oferta destes produtos tem impacto sobre a atividade de transformação (apesar de algumas indústrias dependerem de matérias-primas importadas, como as indústrias da produção de farinhas e da panificação – trigo – e a indústria da alimentação animal e da carne – milho e soja). Além disso, existe um grau de integração vertical muito forte entre a produção primária e a primeira transfor5 De acordo com as Matrizes de Input-Output de 2020 (INE), correspondem a 23% dos consumos intermédios das IABT. 6 De acordo com as Matrizes de Input-Output de 2020 (INE), corresponde a 3 028 M€ (42% da produção agrícola nacional). mação em subsetores como os do leite, carne, vinho e azeite, revelando a grande inter-relação entre estes setores da economia. Entre 2017 e 2020, notou-se uma perda de peso da indústria da “Fabricação de produtos de padaria e outros produtos à base de farinha” (-1,6p.p.) para a indústria da “Transformação de cereais e leguminosas; fabricação de amidos, de féculas e de produtos afins” (+0,9p.p.) e “Fabricação de alimentos para animais” (+0,6p.p.). Em 2020, a produção agroalimentar diminuiu (-5,6%) em todas as suas componentes, com exceção das indústrias da “Transformação de cereais e leguminosas; fabricação de amidos, de féculas e de produtos afins” (14,4%) e da “Fabricação de alimentos para animais” (0,5%). Estrutura de produção (%) Taxa de crescimento médio anual 2017-2020 Taxa de variação 2019-2020 2017 2020 Variação (p.p.) (%) (%) Total 100,0 100,0 -0,3 -5,6 Indústrias alimentares 75,1 75,3 0,2 -0,3 -5,4 Abate de animais, preparação e conservação de carne e de produtos à base de carne 16,4 16,7 0,2 0,1 -4,6 Preparação e conservação de peixes, crustáceos e moluscos 6,4 6,6 0,2 0,9 -4,4 Preparação e conservação de frutos e de produtos hortícolas 5,7 5,9 0,2 0,7 -2,0 Produção de óleos e gorduras animais e vegetais 5,9 5,6 -0,3 -2,0 -8,7 Indústria de laticínios 10,0 9,9 0,0 -0,4 -1,6 Transformação de cereais e leguminosas; fabricação de amidos, de féculas e de produtos afins 3,2 4,1 0,9 7,9 14,4 Fabricação de produtos de padaria e outros produtos à base de farinha 10,9 9,3 -1,6 -5,6 -21,1 Fabricação de outros produtos alimentares 8,2 8,2 0,1 -0,1 -5,7 Fabricação de alimentos para animais 8,4 9,0 0,6 1,8 0,5 Indústria das bebidas 20,7 19,8 -1,0 -1,9 -9,5 Fabricação de bebidas alcoólicas destiladas 0,5 0,5 0,0 -2,9 -22,6 Indústria do vinho 10,6 10,7 0,2 0,2 -5,3 Fabricação de cerveja 5,1 4,5 -0,6 -4,2 -11,1 Fabricação de refrigerantes; produção de águas minerais naturais e de outras àguas engarrafadas 4,5 4,0 -0,5 -4,3 -16,4 Indústria do tabaco 4,2 4,9 0,8 5,3 11,0 Quadro 4 – Estrutura de produção das indústrias agroalimentares (%) Fonte: GPP, a partir de contas integradas das empresas, INE − Data de versão dos dados: fevereiro de 2023
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