Cultivar_29

28 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 29 DEZEMBRO 2023 – Indústria agroalimentar Em 2022, de acordo com a estimativa do GPP (Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral), o VAB deste setor foi de 5.342 M€. A preços constantes de 2022, em 2005 foram emitidos 203 kg CO2/1.000 € e, em 2022, apenas 125 kg CO2/1.000€. A evolução aparente é muito significativa, pelo que se considera necessário o desdobramento entre produção nacional e importações de produtos finais para uma análise que permita conclusões válidas para suporte de políticas e de decisões. Perspetivas para a transição dos consumos de energia no setor agroalimentar ● Os combustíveis derivados do petróleo O consumo de fuelóleo é hoje residual (menos de 20% do que se verificava em 2005 e terá de ser substituído por gás descarbonizado). O consumo de GPL ainda é significativo, não será eliminável a curto prazo, mas o desenvolvimento do mercado do biometano pode constituir a solução mais viável e próxima. Os consumos de gasóleo de aquecimento terão de ser reconvertidos para gás ou para alternativas de mais baixo carbono (sintéticos ou biocombustíveis). ● O gás natural O gás a ser veiculado pelas redes que hoje transportam gás natural terá certamente percentagens crescentes de biometano e o máximo possível de hidrogénio. Esta responsabilidade é do Sistema Nacional de Gás. ● A bioenergia O regresso à biomassa sólida, designadamente “pellets”, será, nalguns casos, a solução mais interessante. A organização do setor de produção de biometano será, certamente, muito mais interessante para o setor agroalimentar, que é uma das fontes de matéria-prima para a produção deste gás renovável. Já em 2016, o LNEG (Laboratório Nacional de Energia e Geologia), no seu estudo sobre o potencial de produção nacional de gases renováveis, biometano e “Syngas”, identificou a possibilidade de produção nacional de biometano em cerca de 750.000 tep/ano, e de gás de síntese (“Syngas”) de origem agroflorestal em cerca de 950.000 tep/ano. Concretamente, no que respeita ao biometano, a avaliação do potencial anual foi como segue: Resíduos Sólidos Urbanos 385.000 tep Pecuária 241.000 tep Indústria alimentar 87.000 tep Efluentes domésticos 40.000 tep No entanto, e para a concretização da parcela viável deste potencial, será necessária a ultrapassagem de barreiras: — Foco neste recurso endógeno, mais barato e mais disponível no imediato; —Necessidade de constituição de um mercado organizado, a começar pela organização comum dos seus produtores; as origens são diversas, no setor público empresarial e no setor privado industrial ou da pecuária; —Necessidade urgente de constituição do sistema oficial de garantias de origem, paralelo ao que existe para os biocombustíveis; — Menor demora nos licenciamentos; — Devida prioridade ambiental para esta valorização energética com elevado potencial. Quadro Anexo Combustíveis − quantidades por tep GPL ≈ 0,9 ton Gasolina ≈ 1,190 m3 Gasóleo ≈ 1,14 m3 Fuelóleo ≈ 1,02 ton Gás Natural ≈ 1.105 m3 1 tep ⇐⇒ 107 kcal A evolução aparente é muito significativa, pelo que se considera necessário o desdobramento entre produção nacional e importações de produtos finais para uma análise que permita conclusões válidas para suporte de políticas e de decisões.

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