Cultivar_29

A indústria agroalimentar − Sustentabilidade e desafios da transição energética 27 ● O recurso à cogeração A necessidade (praticamente imposta por lei) de descontinuidade no uso do fuelóleo e dos motores de combustão como combustível e como tecnologia de cogeração, aliada a uma evolução pouco atrativa da valorização da eletricidade e, sobretudo, a um maior nível de exigência quanto ao rendimento destes processos, fizeram cair o contributo das cogerações deste setor para cerca de metade em termos energéticos e no período em causa. ● O recurso à bioenergia A bioenergia, que é hoje bastante valorizada nas estratégias de transição energética, foi neste período objeto de políticas contrárias, quer por legislação ambiental desfavorável, quer por razões logísticas e de disponibilidades do mercado em ofertas atrativas em preço e em qualidade. A evolução das emissões de gases de estufa no setor agroalimentar Nesta análise, serão apenas consideradas as emissões devidas aos processos de combustão, excluindo-se as próprias da produção de eletricidade e as que são devidas aos processos tecnológicos usados, designadamente emissões fugitivas ou de processo. O objetivo da análise é caraterizar e fornecer pistas para a otimização do “mix” de aquisição de energias no mercado. Por outro lado, só poderão ser objeto de análise as emissões relativas à produção nacional de produtos alimentares. Esta lacuna é grave, é recorrente, e inquina o rigor que se impõe nas avaliações das situações setoriais. 1 https://diariodarepublica.pt/dr/detalhe/despacho/17313-2008-3397117 As importações de bens alimentares deveriam ser objeto de identificação da sua pegada carbónica; tal será o mínimo em termos de equidade. Em 2005, e utilizando os fatores de emissão constantes do Despacho n.º 17313/2008 da DGEG1, o setor agroalimentar, devido aos combustíveis utilizados diretamente e aos que poderão ser atribuídos à parcela calor produzida nas instalações de cogeração que lhe estão associadas, foi responsável pela emissão de cerca de 850.000 toneladas de CO2, para um consumo total de energia de 510.565 tep. Em 2022, e utilizando os mesmos critérios, o setor agroalimentar emitiu cerca de 670.000 toneladas de CO2, para um consumo total de energia de 455.781 tep. Quadro 3 − Emissões de gases de estufa por processos de combustão no setor agroalimentar Unidade: ton CO2 / tep 2005 2022 Variação Consumo de energia 510.565 tep 455.781 tep -7,0% Emissões CO2 850.000 ton CO2 670.000 ton CO2 - 12,0% Fonte: Própria, com base nas publicações da DGEG O caminho a percorrer até 2030 implicará investimento, maior eletrificação e disponibilidade dos mercados da energia na oferta de combustíveis mais descarbonizadas: biometano, biomassa, combustíveis de baixo carbono. Será necessário também o cálculo das emissões deste setor por unidade de valor acrescentado. Em 2005, e segundo o INE (Instituto Nacional de Estatística), o Valor Acrescentado Bruto − VAB deste setor foi de 3.182,4 M€ o que, a preços de 2022, seria convertido para 4.188,7 M€. O caminho a percorrer até 2030 implicará investimento, maior eletrificação e disponibilidade dos mercados da energia na oferta de combustíveis mais descarbonizadas: biometano, biomassa, combustíveis de baixo carbono. Será necessário também o cálculo das emissões deste setor por unidade de valor acrescentado.

RkJQdWJsaXNoZXIy MTgxOTE4Nw==