26 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 29 DEZEMBRO 2023 – Indústria agroalimentar A evolução dos consumos de energia no setor agroalimentar Para efeitos de avaliação do percurso do setor agroalimentar no que respeita ao seu perfil de consumo de energia, utilizar-se-á como ponto de partida o ano de 2005 por ser o ano de referência adotado na proposta de Plano Nacional Energia e Clima 20212030 (PNEC 2030). Serão utilizados os consumos indicados nos Balanços Energéticos Nacionais disponibilizados pela DGEG (Direção-Geral de Energia e Geologia). De igual modo, os perfis de consumo analisados terão em conta o que as empresas deste setor da indústria transformadora utilizaram diretamente e, adicionalmente, no caso de estarem associadas a uma instalação de cogeração, o que receberam e aproveitaram sob a forma de calor. No entanto, para efeito da estimativa de emissões, no caso da parcela calor, serão consideradas as emissões dos combustíveis consumidos nas instalações de cogeração atribuíveis ao calor, já que as que forem consideradas para a produção de eletricidade serão contabilizadas no conjunto mais vasto da produção nacional de eletricidade. Quadro 1 − Consumos energéticos do setor agroalimentar Unidade: tonelada equivalente de petróleo (tep) Forma de energia 2005 2022 Diferença GPL (gás de petróleo liquefeito) 29.408 16.532 -44,0% Gasolina 1.645 - - Gasóleo 35.975 10.643 -70,0% Fuelóleo 101.330 18.237 -82,0% Gás Natural 62.850 161.699 +257,0% Eletricidade 145.746 185.883 +27,0% Calor (cogeração) 41.468 22.704 -45,0% Lenhas 88.772 37.534 -58,0% Biogás - 2.529 - Outras renováveis 3.371 - - TOTAL 510.565 455.781 -11,0% Fonte: DGEG (Balanços Energéticos Nacionais 2005 e 2022) Quadro 2 − Consumos energéticos das instalações de cogeração associadas ao setor agroalimentar Unidade: tep Forma de energia 2005 2022 A – Combustíveis utilizados Fuelóleo 37.175 12.934 Gás Natural 45.069 35.450 Total combustíveis 82.244 48.384 B – Formas de energia produzidas Eletricidade 20.966 8.558 Calor 41.468 22.704 Total produzido 62.434 31.262 Rendimento médio 75,9% 64,6% Fonte: DGEG (Balanços Energéticos Nacionais 2005 e 2022) Os Quadros 1 e 2 comparam perfis e consumos separados por 18 anos e mostram bem a evolução verificada no setor (e no país) neste período de tempo: ● Os consumos de derivados do petróleo caíram 73% Esta redução terá como causas principais o cumprimento da legislação ambiental sobre poluição atmosférica, a limitação dos custos relativos às emissões de gases de estufa e, também, o melhor rendimento energético na utilização e gás natural. ● O consumo de gás natural quase triplicou Este setor, tal como a restante indústria transformadora, foi estimulado no sentido da mudança para este combustível: — Cumprimento dos limites legais da poluição atmosférica; — Menos emissões de gases de estufa; — Maior segurança alimentar por redução das emissões de partículas. ● O consumo de eletricidade cresceu 27% em quantidade, mas, no cômputo total do consumo deste setor, passou de 28,5%, em 2005, para 40,8%, em 2022. Dadas as condicionantes específicas do setor (segurança alimentar, preservação da sua qualidade e sabor), este “salto” na importância da eletricidade no conjunto da energia consumida qualifica bem a sua evolução em termos de transição energética.
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