Indústria portuguesa agroalimentar – Desafios e perspetivas futuras 23 respostas aos desafios do mercado e às exigências dos consumidores, procurando manter os níveis de competitividade. Esta tipologia de inovação exige investimentos mais baixos e comporta riscos menores, permitindo proteger o modelo de negócio. Podemos dar como exemplos as novas texturas ou sabores nos produtos lácteos, a introdução de novos ingredientes nos produtos de panificação, a diversidade que hoje encontramos no setor das bebidas, os novos formatos de consumo de café ou a reformulação nutricional que está hoje a ser desenvolvida no âmbito de um compromisso público – também ele inovador – em categorias como os cereais de pequeno-almoço, refrigerantes, néctares, snacks, leites achocolatados ou iogurtes. Temos igualmente inovação incremental em setores mais tradicionais como o azeite ou as conservas. Estar fora deste patamar de inovação é hoje um enorme risco. No entanto os desafios não se ficam por aqui e temos muitas categorias que estão a introduzir inovações mais disruptivas. Curiosamente, um dos principais investimentos tem sido ao nível das embalagens, como resposta aos permanentes desafios da segurança dos alimentos e das preocupações ambientais. Mas a indústria procura ir mais longe, estudando e introduzindo novos ingredientes, tais como as farinhas de insetos, ou adaptando a composição dos produtos a necessidades específicas (sem glúten ou sem lactose). O consumidor está a ter um papel cada vez mais ativo e influente ao nível da criação ou alteração dos produtos alimentares. Quer ter um maior controlo ao nível dos ingredientes – dando prioridade a produtos considerados mais naturais –, privilegia a relação entre os alimentos e a sua saúde – desde a composição nutricional à prevenção de fatores de risco – e tem como critério de escolha valores como a pegada ambiental, o combate ao desperdício ou a defesa dos pequenos produtores e trabalhadores. Apesar destas tendências, temos de ter a consciência que, para muitos consumidores, o fator preço é a grande prioridade, continuando a ser muito influenciados por campanhas promocionais no ponto de venda. Infelizmente, temos também muita desinformação, em particular nos meios digitais, que leva ao surgimento de modas ou perceções que fogem às evidências científicas e que em nada contribuem para a valorização do trabalho bastante positivo que a indústria tem feito. Transição tecnológica e emprego À medida que a transição tecnológica no setor agroalimentar vai fazendo o seu caminho, é expectável que os fatores competitivos assentem prioritariamente na capacidade de criar valor por via da otimização de processos, com recurso a sistemas digitais e linhas de produção automatizadas, o que coloca às empresas crescentes desafios ao nível do recrutamento. Cada vez mais os trabalhadores serão contratados para desempenhar funções assentes no conhecimento especializado. De facto, trabalhar num ambiente onde a produção e o layout fabril estão organizados para acomodar os princípios da indústria 4.0 é completamente diferente de uma envolvente de linhas tradicionais. O ambiente digital impacta a organização do trabalho, as tarefas a realizar e as tecnologias a utilizar, criando necessidades muito especificas ao nível das Esta tipologia de inovação exige investimentos mais baixos e comporta riscos menores, permitindo proteger o modelo de negócio. O consumidor está a ter um papel cada vez mais ativo e influente ao nível da criação ou alteração dos produtos alimentares. Quer ter um maior controlo ao nível dos ingredientes … privilegia a saúde… e tem como critério de escolha valores como a pegada ambiental, o combate ao desperdício ou a defesa dos pequenos produtores e trabalhadores.
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