Complexo agroindustrial – Análise da interdependência 115 ― Nos inputs importados dos ramos de atividade (multiplicador de importações). ― Nos impostos líquidos dos ramos de atividade (multiplicador de impostos). Dando como exemplo o ramo 1 (agricultura), o multiplicador de produção aumentou de 1,67 para 1,87, em resultado do aumento do peso dos consumos intermédios nos recursos totais, e o multiplicador de impostos líquidos também aumentou de -0,03 para 0,02, indiciando que a procura final dirigida para a agricultura deixou de fomentar um aumento de subsídios. Em sentido contrário, os multiplicadores de importações (note-se que o principal consumo intermédio da agricultura – ramo 22 – diminuiu os inputs importados) e de remunerações diminuíram. Numa das conclusões do estudo, o autor refere nomeadamente que “…a generalidade dos ramos agroindustriais pode exercer efeitos de arrasto muito importantes sobre a agricultura e silvicultura, resultantes do aumento da procura final para aí dirigida”. “…Isto vai colocar à agricultura nacional um duplo desafio: …obter uma produção bruta que lhe permita responder às solicitações do tecido económico e,…passar …para mercados com outras características e outros tipos de exigência”. Concluindo, passados mais de 30 anos desde a sua publicação, este estudo continua relevante. Se em 1991 era considerado um estudo relativamente novo sobre a análise económica do complexo agroindustrial e das suas inter-relações com outros setores da economia, hoje em dia permite-nos compreender as alterações que ocorreram no setor desde essa data (mais ou menos desde a adesão de Portugal à CEE), as alterações de política com a entrada na CEE, as reformas sucessivas da PAC, a entrada no euro, a terciarização da economia, a globalização da economia, a democratização das novas tecnologias e da Internet etc. A metodologia de elaboração das matrizes parece não ter mudado muito desde essa altura, o que permite algum grau de comparabilidade com os dados do presente. Ponto de situação atual O INE continua a publicar com alguma regularidade as Matrizes Simétricas de Input-Output, tendo a última publicação ocorrido em 2022 com referência a 2020. Nessa publicação, são incluídas várias matrizes/quadros, de entre as quais as matrizes de fluxos totais, de importações e de produção nacional e respetivas matrizes de coeficientes técnicos e de multiplicadores. As matrizes de input-output procuram representar as dinâmicas presentes na economia nacional, ou seja, as relações entre a oferta (nacional e externa) e a procura (intermédia e final) de bens e serviços, sendo possível prever os impactos das variações de cada uma das componentes (e.g. procura de um produto) nas restantes variáveis, recorrendo aos multiplicadores. RAMO 1 1980 1986 Multiplicador da produção total 1,67 1,87 Multiplicador de VAB 0,79 0,79 Multiplicador de Remunerações 0,2 0,18 Multiplicador de EBE 0,58 0,6 Multiplicador de Importações 0,27 0,19 Multiplicador de Impostos -0,03 0,02 SIMULAÇÃO Procura final ramo i × 10% (preços correntes) 4884 15750 Efeito s/ produção (preços correntes) 8156 29520 Efeito s/ produção (%) 0,32 0,34 Efeito s/ VAB (preços correntes) 3853 12415 Efeito s/ VAB (%) 0,34 0,33 Efeito s/ Importações (preços correntes) 1320 3065 Efeito s/ Importações (%) 0,26 0,2
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