112 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 29 DEZEMBRO 2023 – Indústria agroalimentar 17), “indústria de lacticínios” (ramo 18), “fabricação dos produtos dos cereais e leguminosas” (ramo 21), “indústria das bebidas” (ramo 23), “indústria do tabaco” (ramo 24) e “indústria da madeira e cortiça” (ramo 27). Este estudo também integrou a “produção de óleos e gorduras animais e vegetais” (ramo 20), pela forte inter-relação a montante com o ramo agrícola, e a “indústria do papel, artes gráficas e edição de publicações” (ramo 28), um importante destino da produção silvícola. A fonte de informação utilizada para esta análise é o Quadro de Entradas-Saídas (QES) das Contas Nacionais publicado pelo INE para os anos 1980 e 1986 (embora neste estudo a matriz apresente algumas alterações face à do INE), tratando-se da melhor ferramenta de estudo das relações entre os ramos de atividade da economia. Esta metodologia de análise é acompanhada de algumas limitações, nomeadamente a difícil comparabilidade com as Estatísticas Industriais (de publicação anual, ao contrário do QES com uma publicação menos frequente e mais irregular), o nível de desagregação utilizado (exclusão de sub-ramos relevantes e inclusão de outros menos importantes). Além disso, os multiplicadores utilizados neste estudo não medem alguns efeitos. A análise do complexo agroindustrial e de cada uma das suas componentes baseia-se em três grupos de indicadores: 1) importância do ramo na economia (Valor Acrescentado Bruto – VAB, importações, exportações, Formação Bruta de Capital Fixo – FBCF, consumo privado, taxa de autoaprovisionamento, contributo do ramo para o saldo comercial); 2) as origens da produção (coeficientes técnicos), os destinos da produção (coeficientes de mercado) e o saldo comercial (do ramo e do produto); 3) relações de interdependência (multiplicadores de produção: efeito direto e indireto da procura final sobre a produção de cada ramo; multiplicadores de inputs primários: efeito direto e indireto da procura final sobre os inputs primários de cada ramo). 1) Importância do complexo agroindustrial na economia Em particular em relação à importância na economia, verificou-se uma perda de peso do complexo no VAB (16,2% em 1980 e 14% em 1986), sobretudo devido às suas componentes primárias (agricultura e silvicultura) uma vez que a componente industrial manteve essencialmente o mesmo valor. Considerando o Excedente Bruto de Exploração (EBE), ou seja, o VAB excluindo as remunerações dos assalariados (o que sobra depois de remunerado o fator trabalho assalariado), também se notou uma perda de importância no EBE total (de 26,7% para 22,6%), igualmente fruto das componentes primárias, as que apresentam um maior peso (devido a uma maior importância do trabalho familiar face ao assalariado), dado que a parte industrial até aumentou a sua representatividade (7,9% para 8,3%). A mesma tendência estendeu-se ao indicador de remunerações com a diminuição da importância do complexo no total de remunerações. Os indicadores de comércio internacional dos ramos foram os que sofreram maiores perdas de peso 1980 1986 % AG-SILV. I.A. C.A.I. AG-SILV. I.A. C.A.I. VAB i/VAB 9,7 6,5 16,2 7,6 6,4 14 EBE i/EBE 18,8 7,9 26,7 14,3 8,3 22,6 Remunerações i/Remunerações 2,6 5,4 8 1,7 4,7 6,4 Consumo privado i/Consumo privado 5 18,9 23,9 4,6 18,8 23,4 FBCF i/FBCF (ramo) 4,1 3,6 7,7 4,2 3,4 7,6 FBCF i/FBCF (produto) 0,7 1,3 2 2,1 0,5 2,6 Export. i/Exportações 2,1 14 16,1 1 10,4 11,4 Importações i/Import. (ramo) 1,2 10,2 11,4 1,2 6,3 7,5 Importações i/Import. (produtos) 12,1 4,3 16,4 10 5,3 15,3 Taxa de autoaprovisionamento 0,77 1,07 0,93 0,8 1,05 0,95 AG-SILV. = Ramos: 1 e 2 I.A. = Ramos: 17, 18, 20, 21, 22, 23, 24 e 27 C.A.I. = AG-SILV. + I.A. Taxa de autoaprovisionamento: (produção do ramo)/(procura interna aparente de bens do ramo) (considera-se a procura interna aparente de bens do ramo, a procura de bens do ramo, nacionais e importados, deduzida das exportações do ramo)
RkJQdWJsaXNoZXIy MTgxOTE4Nw==