110 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 29 DEZEMBRO 2023 – Indústria agroalimentar moderação, afirmando a cultura própria do setor e o enoturismo como respostas adequadas. De seguida, Ramiro Martins apresenta “Produtores e consumidores: como aproximá-los?”, com algumas interessantes considerações sobre o consumo e o papel dos especialistas neste tão complexo setor. São referidos resultados dum estudo de 2018 e indicadas orientações genéricas para os dois lados, produtores e consumidores. António Manuel Vaz apresenta-nos “O conhecimento e a informação na base do ecossistema”, percorrendo as mais importantes etapas da nossa história recente, com mudanças significativas, e apresentando um quadro comparativo da organização formal versus informal, bem como exemplos de evolução das tecnologias. A apresentação do modelo de cadeia de valor é um interessante ensaio sobre esta abordagem, desde a produção à vinificação e ao embalamento, abordando a segmentação dos consumidores, dando um alvitre sobre como colmatar limitações de dados disponíveis e abordando pontos muito atuais como a importação de vinho a granel e a autorregulação do setor. “Mercado americano de vinhos – realizar o potencial de Portugal”, da autoria de três entidades em conjunto, é um interessante artigo suportado por quadros e gráficos que tocam em muitos dos aspetos relativos àquele mercado, considerado por muitos como fundamental para o setor. Refere a necessidade de mudar a perceção do consumidor americano e aponta as características a desenvolver. Por último a Parte D, orientada para o futuro, tem um primeiro artigo intitulado “Pensar a 10 anos o ecossistema do vinho” de António Marquez Filipe e Isabel Marrana. O título é bem sugestivo do que o artigo nos propõe e encontramos propostas resultantes de projetos desenvolvidos por diversas organizações. Algumas destas realçaria aqui, como o aumento da produtividade média das vinhas para 43,2 hl/ha até 2027, a melhoria do nível tecnológico das empresas, e da sua competitividade, bem como da imagem e notoriedade do vinho, o aprofundamento do conhecimento de perfis aromáticos, a contribuição para a neutralidade carbónica e a promoção da adoção de práticas de sustentabilidade. O artigo final, “Ecossistema e coopetição na vinha e no vinho”, de José Ramalho Fontes, tem uma abordagem original e interessante das envolventes do setor, considerando-o um ecossistema com as suas condicionantes próprias. A sua leitura remete para os trabalhos de Michael Porter sobre a matéria e não são descurados paralelos com outras áreas agrícolas nas quais se podem recolher igualmente bons ensinamentos. Por tudo o que foi referido, este é um livro de leitura obrigatória para todos os interessados neste setor, em qualquer das suas vertentes, e será seguramente uma referência nos próximos tempos.
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