Cultivar_29

Criar mais valor na vinha e no vinho 109 Ainda na Parte A, o artigo intitulado “O desenvolvimento do sector até à atualidade – duas décadas alucinantes”, de Manuel Pinheiro, é claramente complementar do anterior, que aborda as políticas públicas, enquanto este autor aborda os movimentos que se foram verificando no sector privado. Realça aquilo que distingue por vezes o setor, sublinhando que o vinho é um bom exemplo de uma articulação frutífera entre estas duas vertentes, a pública e a privada. Nestas últimas duas décadas, são referidos os esforços para a reestruturação da vinha, todo o envolvimento deste setor em estruturas interprofissionais específicas e emanadas de quadro jurídico próprio, a evolução institucional e a nível das empresas, a importância da integração da saúde na comunicação do vinho, apresentando ainda outros fatores que influenciarão o desempenho futuro. Por último, nesta Parte, a PriceWaterhouseCoopers apresenta o “Sector do Vinho em Portugal”, desenvolvendo dados estatísticos nacionais e europeus, com análise financeira do setor a nível nacional e, a concluir, as principais tendências e desafios, tanto a nível global, como a nível de Portugal, referindo diversos desafios, uns mais específicos deste setor e outros mais transversais a todo o tecido empresarial agrícola. A Parte B, intitulada como vimos “Problemas, decisões e resultados de empresas relevantes” e muito vocacionada para o mundo empresarial, embora refletindo naturalmente toda a evolução deste setor, começa por explicar a metodologia seguida na caracterização física dos casos selecionados. Esta incluiu desde a dimensão das empresas e a maturidade da sua gestão ao tipo de propriedade (comercial, familiar, grupo ou cooperativa), à posição na cadeia de valor e ainda aos tipos de problemas dos casos considerados. Esta componente é rica em testemunhos tão diversos e em situações tão díspares que tipificam a grande diversidade de problemas e de soluções encontradas em toda a gama de produtos característicos das regiões do nosso país. Evidencia soluções que reforçam a modernidade e a inovação e outras que apelam às tradições e aos hábitos enraizados, sendo portanto uma parte do livro que é um excelente complemento das Partes A e C. A Parte C, “Alguns desafios”, apresenta primeiramente um artigo de Francisco Toscano Rico, “Os desafios da organização institucional do setor do vinho”, no qual são descritos de forma frontal os principais desafios da organização e do modo de financiamento que a sustenta. Revê alguns aspetos ligados à produção, indústria, restauração e grande distribuição e a formas de financiamento das componentes do setor, concluindo com algumas das questões mais pertinentes nos tempos que se avizinham. Fernando Bianchi de Aguiar e José Ramalho Fontes apresentam o tema “Menções e designativos de qualidade utilizados na rotulagem dos vinhos portugueses − uma reflexão”. Sendo neste setor este enquadramento muito importante pelos seus impactos nos aspetos comerciais e concorrenciais, começam os autores por fazer esse enquadramento a nível normativo, europeu, nacional e regional, passando depois para a caracterização e segmentação comercial. As conclusões a que chegam, com evidência nos quadros apresentados, são muito relevantes e avançam com fundamentadas recomendações de atuação futura, que envolverão um trabalho de articulação entre entidades do setor. Alexandre Guedes e João Rebelo apresentam “O enoturismo em Portugal”, tratando de um tema com cada vez maior relevância. Alguns exemplos e formas de abordagem são aqui descritos, bem como estratégias de integração no setor e ligação com a distribuição on-line, apresentando conclusões que apontam para o carácter sistémico e funcional do enoturismo que obriga a compromissos coletivos. “O legítimo lugar do vinho na sociedade”, apresentado por George Sandeman é, como seria de esperar, um interessante artigo de opinião do seu muito experiente autor. Trata de questões incontornáveis como a sustentabilidade do setor, a evolução das abordagens Vinho e Saúde, defendendo como é habitual a necessidade do consumo moderado e de o setor integrar as campanhas existentes sobre este tema. Aborda os prismas seguidos pela OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico) e pela União Europeia e conclui com a divulgação da dieta mediterrânica, do vinho com

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