Cultivar_28

Os números do Recenseamento Agrícola 2019 61 tos censitários, constata-se não só a existência de grandes amplitudes regionais em cada censos, mas também que a dimensão média das explorações tem aumentado, com exceção de uma estabilização na RA da Madeira, sendo em 2019 mais do dobro do registado em 1989, tanto no país como no Continente. As realidades regionais estão também sujeitas a dinâmicas muito diferenciadas. Se globalmente a SAU, depois de uma ligeira descida até 2009, voltou a atingir, em 2019, valores perto daqueles que apresentava em 1989, esta evolução resulta também de realidades contrastadas. A quebra da SAU está associada a regiões onde predominavam as explorações familiares de pequena dimensão. A Beira Litoral apresenta um decréscimo na SAU de -44% (menos 102 mil ha, mas +3,5% entre 2009 e 2019) e o Entre Douro e Minho e o Algarve, quebras superiores a 26%. Por outro lado, no mesmo período, o Alentejo, onde a estrutura fundiária oferece outras oportunidades, apresentou um aumento de 16,4%, ou seja, mais 302 mil ha de Superfície Agrícola Utilizada. A Superfície Agrícola Utilizada de uma exploração está dividida em um ou mais blocos. Neste contexto entende-se um bloco como uma porção contínua de terreno pertencente à exploração, não atravessada por outras terras ou por barreiras físicas naturais (linhas de água, acidentes orográficos, etc.) ou artificiais (vias rodoviárias, ferroviárias, etc.) que impossibilitem a passagem. O grau de dispersão da SAU por diferentes blocos e a sua dimensão são fatores determinantes para o nível de otimização dos processos produtivos e logo para os níveis de produtividade da terra das explorações. Em Portugal, em média, cada exploração é composta por 6,4 blocos com uma dimensão média de 2,13 ha. No entanto também aqui esta a variabilidade de situações é muito acentuada quer regionalmente, variando desde a média de 10 blocos por exploração em Trás-os-Montes e os 3,8 blocos por exploração no Alentejo (2,7 na Madeira), e variando entre os 0,45 ha de dimensão média dos blocos na Beira litoral (0,13 na Madeira) e os 18,24 ha no Alentejo. Estas diferentes evoluções são assim explicadas, por um lado, pelas igualmente diferenciadas estruturas agrárias, nomeadamente, a dimensão das explorações e as características dos solos que condicionam a sua utilização e, por outro lado, pelas diferentes envolventes territoriais de cada região, não sendo alheio as condicionantes resultantes das políticas públicas e do ambiente económico e social. Da análise da evolução, nos últimos anos, dos grandes agregados que constituem a SAU, observa-se igualmente um conjunto de tendências que indiciam uma reestruturação importante do tecido produtivo. Ou seja, não se trata apenas de variações na SAU, mas também de profundas transformações nas superfícies que permanecem na função de produção. Verifica-se uma quebra muito acentuada da área ocupada com terras aráveis, com uma variação de quase -56% no período de 1989 a 2019 que só na região do Alentejo representou menos 770 mil hectares a mudarem o seu tipo de utilização. Grande parte da área ocupada por terras aráveis foi convertida em pastagem permanente, salientando-se o aumento generalizado deste tipo de superfície: 145% no país e 166% no Continente e mais de 232% no Alentejo, correspondendo nesta região a um acréscimo de cerca de 918 mil hectares de pastagens. Deste modo, as pastagens permanentes passam a representar, em 2019, mais de metade da SAU Quadro 7 – Blocos nas explorações agrícolas por região –2019 Regiões agrárias SAU média dos Blocos (ha/bloco) Nº Blocos Exploração (bloco/Expl.) Portugal 2,13 6,4 Continente 2,20 6,6 Entre Douro e Minho 1,05 4,5 Trás-os-Montes 0,69 10,0 Beira Litoral 0,45 6,5 Beira Interior 1,71 6,8 Ribatejo e Oeste 2,66 4,5 Alentejo 18,24 3,8 Algarve 0,92 8,5 RA Açores 1,56 7,2 RA Madeira 0,13 2,7

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