CULTIVAR 26 - Agricultura biológica e outros modos de produção sustentável

76 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 26 SETEMBRO 2022 – Agricultura biológica e outros modos de produção sustentável técnicas de genómica, biopesticidas, novos produtos fitofarmacêuticos ou equipamentos como os drones . No que respeita à solução agricultura biológica, a indústria fitofarmacêutica tem a mesma abordagem: providenciar soluções a todos os agricultores, inde- pendentemente do seu modelo agrícola, incluindo o modo de produção biológico (MPB). As empresas de produtos fitofarmacêuticos, fornecem uma parte significativa das ferramentas de proteção das plantas para o MPB e apoiam o desenvolvimento contínuo deste modo de produção ao nível europeu, reco- nhecendo-o como um setor dinâmico que preenche um segmento de mercado e que, em 2017, ocupava cerca de 7% da Superfície Agrícola Utilizada (SAU) na União Europeia (UE) [2] . Admitimos que a coexistência de diferentes tipos de sistemas agrícolas é importante. Não existe uma solução única para tantos desafios de sustentabi- lidade que o setor agrícola enfrenta. A diversidade deve ser estimulada para um desenvolvimento sus- tentável. Por outro lado, os consumidores devem ter a possibilidade de escolha entre diferentes modelos de produção que forneçam produtos de qualidade, economicamente acessíveis a todos e de acordo com as preferências pessoais. O MPB é um importante fator que leva à inovação e à procura de soluções alternativas ao uso de pro- dutos fitofarmacêuticos sintéticos. Exemplo disso é o desenvolvimento de formas de controlo mecânico e biológico de pragas, doenças e infestantes, que contribui para aumentar o número de ferramentas à disposição do agricultor. Sublinhamos, porém, o facto de que todos os pro- dutos agrícolas, produzidos convencionalmente ou por via do MPB, devem obedecer aos mesmos rigo- rosos padrões de segurança alimentar, fazendo com que os produtos agrícolas europeus sejam dos mais seguros do mundo. De modo a alimentar uma população mundial em crescimento, os agricultores de todo o planeta necessitam de produzir de todas as formas que contribuam para a produção de alimentos seguros e nutritivos de forma sustentável, assegurando uma disponibilidade alimentar global. Importa referir que todos os produtos de proteção das plantas têm de percorrer um caminho de ava- liação científica rigoroso e complexo, de modo a obterem uma autorização de comercialização, quer sejam produtos fitofarmacêuticos para utilizar em agricultura convencional ou em MPB. Metas de redução do uso de produtos fitofarmacêuticos e a agricultura biológica Estamos cientes de que existe pressão social para a redução do uso de produtos fitofarmacêuticos, bem como uma reivindicação de aumento da fração de agricultura biológica na UE. Torna-se importante considerar que estas exigências têm impacto na pró- pria agricultura biológica. Os produtos fitofarmacêu- ticos usados emMPB têm, frequentemente, menores níveis de eficácia, comparando com os produtos sin- téticos usados na agricultura convencional; como tal, têm de ser usados emmaiores quantidades e muitas vezes requerem uma maior frequência de aplicação para controlar as pragas e doenças. Importa referir que, no panorama europeu, a redução do uso de produtos fitofarmacêuticos é uma realidade. Dados do Eurostat [3] demonstram que, comparando 2011 com 2020, a UE registou um decréscimo de 7% na quantidade utilizada de produtos fitofarmacêuticos. No caso de Portugal, esta redução foi de cerca de 30%, o que denota o avanço técnico e tecnológico da agricultura nacional na última década. Relação entre a agricultura biológica e a convencional Apesar de ter o seu lugar no mercado, a agricultura biológica não deve ser promovida ao ponto de implicar negativamente a agricultura convencional europeia. Com a FAO a estimar que necessitamos de aumentar em 60% [4] a produção de alimentos para garantir a segurança alimentar global em 2050, deve- -se destacar que, por exemplo, como acima referido, em 2017 a SAU da agricultura biológica na UE era de 7%, dos quais 44,5% eram dedicados a culturas

RkJQdWJsaXNoZXIy NDU0OTkw