CULTIVAR 26 - Agricultura biológica e outros modos de produção sustentável
Produção sustentável de alimentos 75 partilha a visão da proteção integrada tal como esta foi definida pelo Código Internacional de Conduta da FAO sobre Distribuição e Utilização de Pesticidas: “ Um sistema de proteção contra os inimigos das cul- turas que, tomando em consideração as condições particulares do ambiente e da dinâmica das popula- ções das espécies emquestão, utiliza todos os meios e técnicas apropriados de modo tão compatível quanto possível, com o objetivo de manter as populações dos inimigos das culturas a um nível suficientemente baixo, para que os prejuízos ocasionados sejam eco- nomicamente toleráveis .” Para os agricultores, a pro- teção integrada representa a melhor combinação de meios culturais, biológicos, químicos e biotecnoló- gicos, de forma a otimizar a relação custo/benefício utilizando métodos de gestão dos problemas fitossa- nitários de forma ambiental e socialmente aceitável. As exigências atuais levam a que estes princípios também evoluam e a tecnologia vem facilitar e dotar o setor agrícola de formas mais fáceis e eficazes de realizar as tarefas de prevenção e monitorização, que são duas ações obrigatórias antes de se partir para qualquer intervenção. Neste sentido, a indústria de proteção das plantas tem um plano de, até 2030, investir cerca de 10 mil milhões de euros em ferramentas de agricultura digi- tal e de precisão. Os meios digitais permitem traba- lhar os recursos solo, água, nutrição, monitorização de pragas, doenças e infestantes e outros aspetos agronómicos relevantes para a cultura, que ajudam o agricultor a implementar todas as estratégias de prevenção necessárias, designadamente os meios de controlo cultural. As tecnologias de agricultura de precisão permitem, por exemplo, a pulverização com recurso a sensores, promovendo assim a pulveriza- ção localizada. O desenvolvimento da pulverização por drones , que permite reduzir bastante a pegada energética da proteção fitossanitária, poupam o desgaste do solo pela redução da passagem de máquinas e facilitam a aplicação localizada de pro- dutos fitofarmacêuticos. As tecnologias de redução da deriva de pulverização são fundamentais para que cada gota de calda se destine apenas e exclusi- vamente ao seu alvo, evitando assim contaminações acidentais e fazendo com que cada tratamento seja mais eficiente. Para além destes aspetos, o desenvol- vimento de modelos meteorológicos, a monitoriza- ção via satélite, a utilização de aplicações de GPS são também importantes para que a produção agrícola seja cada vez mais eficiente e sustentável. Por outro lado, há também um investimento no desenvolvimento de biopesticidas, que são produ- tos para controlo de pragas, doenças e infestantes, quando a sua pressão ainda não é elevada e que contam com um perfil ambiental mais favorável, sendo por isso úteis para o controlo de resistências, para o cumprimento dos referenciais de resíduos de pesticidas, sendo um complemento aos produtos fitofarmacêuticos. Os próprios produtos fitofarmacêuticos são alvo de constante evolução: estão cada vez mais específi- cos, permitem usar doses cada vez mais baixas, têm formulações mais seguras para o operador e para o ambiente, sendo o próprio embalamento cada vez mais ecológico. Tudo isto representa uma caixa de ferramentas que não deve ser reduzida, mas sim diversificada, de modo que o setor agrícola possa abraçar uma pro- dução cada vez mais sustentável, possa fazer face à crescente pressão de pragas e doenças decorrentes das alterações climáticas e possa incrementar a pro- dutividade das culturas, fazendo mais commenos. Esta diversidade de soluções deve ser acompanhada pela legislação europeia que, na atualidade, tende a restringir soluções, aumentando a pressão sobre o setor produtivo, com a retirada de substâncias ati- vas do mercado. Este fator é um paradoxo: se, por um lado, queremos ter uma agricultura produtiva e amiga do ambiente, não podemos restringir solu- ções de tal modo que os inimigos das culturas não tenham forma de controlo, levando à perda de pro- dutividade das colheitas, contribuindo para o des- perdício alimentar, energético, hídrico e económico no campo. Por outro lado, aumentam os fenómenos de resistências, que levam ao mesmo desfecho. Assim, as políticas europeias devem seguir um cami- nho de integração das tecnologias que são compro- vadamente seguras e eficazes, por exemplo, novas
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