CULTIVAR 26 - Agricultura biológica e outros modos de produção sustentável

10 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 26 SETEMBRO 2022 – Agricultura biológica e outros modos de produção sustentável da alimentação e produção sustentáveis, apresen- tando depois “ uma visão geral de seis modos de produção distintos (agricultura biológica, produção integrada, agricultura regenerativa, intensificação sustentável, agricultura de precisão e agroecologia) e seus impactos em diferentes dimensões ambientais ”. Concluem com propostas para reduzir os impactos ambientais da agricultura em Portugal, e em última análise “ redesenhar o sistema agroecológico ao nível da paisagem ”, sugerindo que o PEPAC possa vir a ser revisto para garantir mais cabalmente “ a transição agrícola para a sustentabilidade ”. João Cardoso, da Anipla, afirma que é necessário “ promover a intensificação sustentável, em que cada hectare de terra arável deve ter maior rendimento, tendo por base a ideia que aumentar a área agrícola já existente é inaceitável ”. Fala depois das várias prá- ticas de intensificação sustentável já utilizadas pelos agricultores portugueses e da necessidade cada vez maior de tecnologia e conhecimento, lamentando simultaneamente que os consumidores tenham uma visão cada vez mais urbana da realidade rural. Defende a diversidade de práticas, nomeadamente a proteção integrada, e refere o investimento contí- nuo da indústria de proteção das plantas em novas tecnologias, sempre numa lógica de fazer mais com menos. O artigo da Agricert, de Diana Silva e Maria João Valentim, aborda o interesse crescente pela agricul- tura biológica e a sua evolução nos últimos anos na Europa e emPortugal, bem como as perspetivas para o futuro deste e de outros modos de produção sus- tentável. Refere o trabalho de certificação feito pela associação ao abrigo de diversos esquemas não só em Portugal, mas também em diversos países tercei- ros, nomeadamente países de língua oficial portu- guesa. Esse trabalho envolve ainda a introdução de novos esquemas, como objetivo último de contribuir para o “ grande desafio que é produzir de forma res- ponsável, sustentável e com qualidade ”, concluindo que alimentar o mundo terá sempre de passar pela inovação e pelo uso adequado dos recursos. A fechar o Observatório, o artigo de João Marques e Rui Trindade, do GPP, ilustra como a agricultura biológica, embora sendo há muito uma compo- nente essencial da Política Agrícola Comum (PAC), e continuando a sê-lo na nova “Arquitetura Verde”, no âmbito do Plano Estratégico da PAC 2023-2027, é uma de um vasto leque de outras intervenções com impacto positivo no ecossistema agrícola. Entre estas, destaca-se desde logo a produção integrada, com normativo renovado, mas incluem-se diversas outras práticas sustentáveis, já existentes ou a imple- mentar, que abrangendo uma proporção muito ele- vada da área agrícola, e a diversidade dos grupos de culturas agrícolas presentes no território, responde- rão a um dos três objetivos gerais do PEPAC: Apoiar a proteção do ambiente e a luta contra as alterações climáticas. Finalmente, na secção Leituras, analisamos um documento da FAO sobre agroecologia, e outras abordagens inovadoras, e um relatório do Tribunal de Contas Europeu sobre o controlo de produtos biológicos. É também dada sucinta nota de um estudo que acaba de ser publicado, solicitado pelo Parlamento Europeu, sobre sistemas de certificação em agricultura sustentável, de um documento sobre o novo conceito de “ambientes alimentares” e do recém-publicado relatório da UNCCD, Global Land Outlook . Apresentamos a concluir uma recensão crí- tica de um livro controverso que faz agora 60 anos, Primavera Silenciosa , de Rachel Carson. Fotografia – Proteção integrada: armadilha para insetos, Juven- tude-79, antiga Direcção-Geral de Extensão Rural, acervo GPP

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