CULTIVAR 26 - Agricultura biológica e outros modos de produção sustentável
Editorial 9 as políticas públicas implementadas a nível nacional têm de ser “ mais eficazes e eficientes ”. Francisco Sarmento aborda os atuais problemas dos sistemas alimentares mundiais, frisando como a pequena agricultura familiar tem sofrido neste pro- cesso “ devido a um acesso mais restringido à infor- mação, à tecnologia adequada aos seus sistemas produtivos, a capital e a instituições de suporte ” que conduz ao abandono da atividade, uma questão que, segundo o autor, não tem estado no topo da agenda política. Fala de como “ vários países e organizações internacionais estabeleceram ‘coligações’ para tra- balhar conjuntamente no aprofundamento de alter- nativas ” para a necessária transição dos sistemas agroalimentares, recorrendo a práticas mais susten- táveis, nomeadamente a agroecologia. Esclarece o papel da CPLP nestas coligações, numa “ governança multinível e inclusiva ”, referindo a importância da criação pioneira do Centro de Competências para o Fortalecimento da Agricultura Familiar Sustentável da CPLP (CCAFS), com sede em São Tomé e Príncipe. Na secção Observatório, o artigo da DGADR, de Rogé- rio Ferreira e Catarina Cunha, faz uma introdução às questões mais prementes da sustentabilidade, para em seguida enunciar os objetivos da “ estratégia de crescimento sustentável e inclusivo ” da União Euro- peia, ou seja, o Pacto Ecológico Europeu. Explana os principais objetivos e princípios das diferentes estra- tégias já estabelecidas neste âmbito, para depois se centrar na Estratégia Nacional para a Agricultura Bio- lógica e no respetivo Plano de Ação. Os autores con- cluem com alguns dos principais indicadores rela- tivos à produção biológica na Europa e no mundo, já que esta constitui, segundo eles, “ um instrumento para o desenvolvimento sustentável ao nível dos recursos da própria exploração, da região em que se insere e do ambiente global .” Henrique Gomes, da Biofrade, numa entrevista à equipa editorial da Cultivar, fala do percurso da exploração de agricultura biológica que lançou com os irmãos em 1991, na Lourinhã, dos desafios que enfrentaram e enfrentam e das soluções que têm vindo a encontrar, num projeto que cobre a fileira agroalimentar, incluindo produção, distribuição e até restauração. Os irmãos trabalham com produtores biológicos de todo o país, para conseguir responder à procura nacional e internacional. Neste trabalho, apostam não só na partilha de boas práticas, com visitas e formação, mas também numa certa peda- gogia sobre aquilo que é efetivamente produzir em agricultura biológica. “ As pessoas já se esqueceram que é possível produzir de modo diferente e sem o auxílio de tantos inputs.” Oartigo de Jaime Ferreira, da Agrobio, explica o papel desta associação pioneira que congrega produtores e consumidores, apresenta os principais números da agricultura biológica no contexto europeu e mundial, sublinhando “ um crescente interesse no consumo de alimentos biológicos , que a oferta não consegue satisfazer ”. Debruça-se em seguida sobre o papel que este tipo de agricultura pode desempenhar no nosso país, apresentando várias propostas sobre o que lhe parece ser o caminho a seguir e afirmando que, além dos manifestos benefícios ambientais e em termos de saúde, “ a agricultura biológica, asso- ciada às cadeias curtas para a comercialização, pro- move um rendimento mais justo e sustentável para o agricultor .” Gabriela Cruz, da Aposolo, começa por recordar os princípios subjacentes à sustentabilidade na agricul- tura e na alimentação, analisando em seguida como se pode fazer uma gestão sustentável do recurso crí- tico solo e o papel que a agricultura de conservação pode desempenhar nessa gestão. Enuncia defini- ções, princípios, práticas e benefícios da mobilização de conservação e fala da adesão dos agricultores a estas práticas, referindo o papel desempenhado pela associação a que preside na sua divulgação e implementação. Narra a sua própria experiência em agricultura de conservação e os resultados obtidos, sublinhando que ” as vantagens são muitas e não se esgotam na exploração, extravasam para a socie- dade .” Conclui com o que lhe parece ser necessário fazer para promover este tipo de agricultura em Por- tugal. Catarina Grilo e Tiago Silva, da ANP-WWF, lembramos pontos fortes e fracos da agricultura no seu conjunto e salientam as atividades da associação no domínio
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