cultivar_25_Investimento_agricultura
Investimento e outras questões na gestão agrícola 81 Ou seja, atualmente, utilizamos um valor inferior a 10% das disponibilidades. Num quadro de redução das disponibilidades, em consequência de cortes nos caudais provenien- tes de Espanha e redução de chuvas resultado das alterações climáticas e do aumento simultâneo do consumo, nunca ultrapassaremos uma utilização de 21% das disponibilidades nacionais (Plano Nacional da Água 2015). Visto de uma outra forma, 1/3 da água não utilizada, nesta projeção reduzida, seriam mais de 7 000 hm3. Quando falamos do aumento da eficiência de rega por parte dos agricultores para reduzir consu- mos, se considerarmos 10% de economia estamos a falar de 300 hm3 em 500 000 hectares, aproxi- madamente a área regada no país. Os números falampor si, são pouco significativos face à água não utili- zada a nível nacional. Aliás, são os agricultores os primeiros a saber que água em excesso é nociva para qualquer cultura, para não falar em toda a sofisticação hoje existente na irrigação. Para o aproveitamento deste recurso, é preciso pois guardar a água da chuva que é concentrada no inverno e transportá-la, uma vez que chove mais a Norte do que a Sul. Acresce ainda a necessidade de regularização interanual, devido ao aumento da frequência de fenómenos meteorológicos extremos, quer sejam chuvas intensas ou secas prolongadas. Necessitamos de um sistema de transferência de água entre as bacias hidrográficas do Douro, Tejo e Guadiana que poderia, inclusive, chegar ao Algarve. A bacia do Tejo funcionaria como o interface de dis- tribuição para o alargamento de áreas irrigadas no Alto e Baixo Alentejo, que são as regiões que, pela sua estrutura fundiária, poderão dar resposta mais rápida aos investimentos avultados associados, quer pelos custos de distribuição da água, quer por serem mais atrativas para os investidores. Também a margem direita do rio Tejo poderia irrigar os seus argilo-calcários, e a lezíria de Vila Franca e os campos da Azambuja não sofreriam assim com a subida da salinidade do rio. Já a margem esquerda, não flores- tada, é hoje quase totalmente irrigada pelo aquífero Tejo-Sado, um incrível sistema de vasos comunican- tes subterrâneo que pode debitar 1 000 hm3 anuais, Figura 4 – Gráfico termopluviométrico de Lisboa Fonte: GPP a partir de Climate-Data.org Figura 5 – Precipitação anual na Península Ibérica Fonte: Agencia Estatal de Meteorología (AEMET), Espanha
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