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70 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 25 ABRIL 2022 – Investimento na agricultura da digitalização e da introdução do uso das novas tecnologias, maximizando o seu impacto, para bene- fício do setor agrícola, das zonas rurais e do funcio- namento da administração pública. As novas tecnologias têm o potencial de revolucio- nar a agricultura e toda a cadeia alimentar, porque podem ajudar os agricultores a trabalhar com maior precisão e a reduzir custos, adotando ao mesmo tempo práticas favoráveis ao ambiente e criando oportunidades para uma melhor ligação entre seto- res ao longo de toda a cadeia alimentar, desde o produtor ao consumidor, aumentando assim a sua transparência. Paralelamente, podem e devem ter um papel na melhoria do desenho das políticas e na simplificação e modernização da sua implementa- ção e monitorização. Principais barreiras à transformação digital da agricultura A transformação digital do setor agrícola tem um conjunto de barreiras comuns a outros setores de ati- vidade, bem como outras barreiras específicas, devido não só à natu- reza da atividade, mas também decorrentes das características do setor em cada país. Estas barreiras incluem os custos da tecnologia (investimento inicial e despesas de manutenção recor- rentes), os custos da mudança, o nível de facilidade de utilização, a falta de competências digitais, as vantagens não claramente perce- tíveis, a desconfiança em relação a algoritmos, a falta de conectivi- dade, entre outras. Entre os fatores mais determinantes na adoção das novas tecnologias estão a idade do agricultor, a dimensão física da exploração, o nível de competên- cias digitais na exploração e a perceção da tecnolo- gia. Em Portugal, há que destacar alguns aspetos em particular que caracterizam a maioria das explora- ções, como sejam: baixa capacidade de inovação das explorações, reduzida dimensão, baixo nível de conhecimento e formação, idade avançada, aversão ao risco, baixa capacidade de investimento, elevada heterogeneidade. O setor agrícola português carac- teriza-se por uma baixa cultura de utilização de Siste- mas de Informação, que são essenciais à adoção das novas tecnologias. A utilização de contas de cultura, análises de solo, planos de fertilização ou de gestão não está generalizada, o que atrasa a curva de ado- ção nas empresas. Paralelamente, a conectividade, essencial à transformação digital, é reduzida nomeio rural onde se encontram a maioria das explorações. Convém também destacar que a forma como se implementam as políticas públicas pode também ser uma ameaça para a digitalização da agricultura. A burocracia, nomeadamente ao nível da gestão dos apoios da PAC, o atraso e a lentidão nos processos de apoio público ao investimento e um modelo de apoio ao investimento focado na aquisição de “equi- pamentos”, por oposição à aquisição de serviços e licenciamento, são os aspetos mais preocupantes. A Estratégia de Digitalização A Estratégia de Digitalização elaborada no contexto do PEPAC tem cinco objetivos específicos (OE): OE 1. Promover a transferência de tecnologia – Acon- selhamento, extensão, partilha de conhecimento; Figura 1 – Principais barreiras à transformação digital nas explorações Fonte: The digitalisation of agriculture: a literature review and emerging policy issues, OECD Food, agricul- ture and fisheries papers , n°176, abril 2022
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