cultivar_25_Investimento_agricultura
43 Apoios ao investimento da PAC JOSÉ MARTINO Cidadão, engenheiro agrónomo A realidade das especificidades das agriculturas de Portugal assenta no predomínio de solos de média a baixa fertilidade, pouco profundos, pedre- gosos, com prevalência de problemas de drenagem interna ou externa (muitos dos solos de melhor fer- tilidade encontram-se junto a linhas de água, sujei- tos a cheias) e irregularidade climática. Esta última traduz-se em concentração de precipitações em períodos temporais de outono-inverno-primavera, cujas temperaturas são muito baixas para as neces- sidades das plantas, impedindo o adequado cres- cimento e desenvolvimento, apesar de haver água no solo. O oposto também acontece no período estival: a temperatura é favorável à fisiologia vegetal de crescimento e produção, mas não há água dis- ponível no solo por falta de precipitações (o regadio é importante para ultrapassar esta limitação, gera maior valor por hectare, embora infelizmente a superfície irrigável seja inferior a 20% da Superfície Agrícola Útil – SAU). As alterações climáticas trazem, no presente e no futuro, diminuição da precipitação, a sua concen- tração no tempo em regimes torrenciais, fenómenos extremos de chuva forte, granizo ou neve, ou seca mais prolongada. Em média, à medida que os anos passam, estes fenómenos estão a pôr em causa a agricultura de sequeiro. Esta assentava no aprovi- sionamento hídrico do solo pelas precipitações, suprindo de forma natural as necessidades de água nas plantas de outubro a abril (a agricultura de con- servação é uma estratégia interessante a ser imple- mentada para ajudar a combater este fenómeno). As terras mais férteis do país estão predominante- mente sob estruturas fundiárias pequenas ou micro, seja na dimensão da parcela, seja na exploração. Mesmo as regiões com maior estrutura fundiária provavelmente terão que a ampliar, dado terem ati- vidades extensivas e Margens Brutas pequenas por unidade de superfície, precisando do aumento da superfície de exploração para se tornarem sustentá- veis. Embora a média de dimensão das explorações nacionais esteja a subir (13,7 ha/exploração) e seja 3 hectares abaixo da média dos países da UE, espelha uma realidademuito díspar: existe umnúmeromuito elevado de micro e pequenas explorações (73%), contrapartida de superfície pequeníssima da SAU (4%); e, como contraponto, há um número pequeno de explorações com dimensão muito grande (4% em número, média 220 ha/exploração) que têm umpeso elevado na soma das superfícies de exploração (mais de 50% da SAU). Predominam os agricultores com ensino básico, sem formação profissional formal para a atividade, com idade avançada, 64 anos de média. Há 4% de jovens agricultores (menos de 41 anos de idade) contra 11%
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