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40 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 25 ABRIL 2022 – Investimento na agricultura 5. Conclusão Neste trabalho, através de uma análise aprofundada de um conjunto de variáveis macro e micro, procu- rou-se perceber até que ponto a gestão agrícola em Portugal se modificou nos últimos anos, no que diz respeito ao aumento do recurso a serviços externos, nomeadamente no aluguer de maquinaria e equipa- mento, e à eventual substitui- ção do investimento por este tipo de soluções. Numa análise inicial mais geral, feita em contraponto com a evolução registada pela economia como um todo, é possível perceber que o investimento na agricul- tura se revelou mais resiliente à crise de 2009‑2014, caindo menos e recuperando mais rapidamente, ainda que em ambos casos se tenha invertido uma longa tendência de decrescimento. Por outro lado, os consumos intermédios oscilaram de forma mais evidente na agricultura do que na economia, com uma tendência crescente no setor agrícola que con- trasta com a diminuição na economia nos últimos anos. Os pesos do VAB, pro- dução, investimento e consu- mos intermédios da agricul- tura na economia sofreram uma alteração da sua ordem de importância no período analisado. Com recurso às Contas Eco- nómicas da Agricultura, foi possível verificar que, após quedas consideráveis nos anos 80 e 90, quer o investi- mento em maquinaria quer os consumos intermédios de outsourcing estabiliza- ram durante algum tempo, com o segundo a desco- lar do primeiro a partir de 2010. Adicionalmente, e focando a análise num período mais recente, os dados da RICA espelham um aumento gradual do consumo intermédio em empreitadas e aluguer de equipamento, em linha com o que acontece com o total de consumos intermédios. Por seu lado, o investimento em equi- pamentos tem registado um comportamento mais oscilante, com um crescimento mais acentuado no início e o no fim do período analisado. Os dados da RICA evidenciam ainda que há realida- des muito díspares, tendo em conta explorações de diferen- tes dimensões económicas e localizações. O investimento em equipamento viu um cres- cimento muito acentuado e uma concentração ao nível das explorações de maior Produto Bruto Agrícola. Já os trabalhos por empreitada e aluguer de máquinas revelam uma concentração muito significativa nas explorações de média dimen- são, cujo produto anual se situa entre os 100 000 e os 500 000 €, ainda que o valor por exploração média seja muito superior nas explorações com mais de 1 M€ de produto do que nas restantes. Finalmente, a análise da produtividade aparente destas variáveis de interesse indica também um crescimento da terciariza- ção neste setor, sugerindo até um possível efeito de substituição. Contudo, este último fenómeno carece de uma análise mais fina para se entender até que ponto existe uma substituição efetiva, bem como as condições concretas que podem levar a decisões dessa natureza ao nível das explorações agrícolas. Das várias análises apresentadas, pode concluir-se que há, de facto, nos últimos anos, um aumento do recurso ao outsourcing de maquinaria. No entanto, não se pode afirmar que este ocorra por substituição do investimento neste tipo de bens, embora a análise da produtividade aparente dê indicações que suge- rem a possibilidade de ocorrência deste fenómeno. … há, de facto, nos últimos anos, um aumento do recurso ao outsourcing de maquinaria. No entanto, não se pode afirmar que este ocorra por substituição do investimento neste tipo de bens, embora a análise da produtividade aparente dê indicações que sugerem a possibilidade de ocorrência deste fenómeno. … o investimento na agricultura revelou-se mais resiliente à crise de 2009‑2014, caindo menos e recuperando mais rapidamente, ainda que em ambos casos se tenha invertido uma longa tendência de decrescimento.

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