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Investimento e terciarização da agricultura em Portugal 39 timento em equipamento como no trabalho por empreitada e aluguer de equipamento. Para melhor compreender a dinâmica relativa das variáveis em estudo, analisa-se, por fim, um índice construído com base nos rácios do Produto Bruto Agrícola sobre o capital agrícola total, o capital em equipamento, os consumos intermédios e os traba- lhos por empreitada e aluguer de máquinas, uma medida de produtividade aparente destes fatores 10 . Na Figura 14, é possível constatar que quer a pro- dutividade aparente do capital agrícola total quer a do capital em equipamento aumentaram na maior parte do período analisado, caindo nos últimos dois anos. Por outro lado, no que diz respeito aos con- sumos intermédios, verifica-se uma evolução prati- camente nula da produtividade aparente, com um ligeiro aumento a partir de 2017, enquanto no caso dos trabalhos por empreitada e aluguer demáquinas caiu de 2012 até 2017, com uma ligeira recuperação a partir daí. O crescimento da produtividade aparente do capital total e do capital de equipamento e a redução da pro- dutividade aparente dos trabalhos por empreitada e 10 Este indicador é construído com base nos rácios entre produto bruto agrícola e capital, este último medido no ano anterior, e com base nos rácios entre produto bruto agrícola e consumos intermédios, medidos no mesmo ano. aluguer de máquinas refletem o facto de o Produto Bruto Agrícola crescer mais do que o capital agrícola e de equipamento (em particular até 2018) e crescer menos do que os trabalhos por empreitada e aluguer de máquinas. Diferentes hipóteses, não totalmente verificáveis no âmbito deste estudo, podem ajudar a explicar estas evoluções e suscitar algumas linhas de investigação futura para melhor esclarecer as justifi- cações para estes fenómenos. O investimento total e o investi- mento em equipamento parecem ter ficado mais produtivos, o que pode indicar decisões de investi- mento com maior retorno, nomea- damente em tecnologia mais avançada, substituindo progressi- vamente o stock de equipamento instalado por outro mais eficiente. Por seu turno, a queda da produti- vidade aparente dos trabalhos por empreitada e aluguer de máquinas pode demonstrar a externalização crescente do fator trabalho e de parte do equipamento. Contudo, a tese da alteração do perfil de investimentos na agricultura aliada a um maior recurso ao aluguer de máquinas necessita de uma aná- lise mais profunda e desagregada das decisões de investimento, dos incentivos e apoios ao mesmo. Outra hipótese tem que ver com os preços destes fatores. Se, por hipótese, o custo do capital estiver a aumentar comparativamente ao preço dos traba- lhos por empreitada, podemos estar a assistir a uma simples substituição do primeiro pelos segundos em certos casos. De facto, o crescimento registado nos serviços agrícolas analisados no subcapítulo anterior poderá espelhar uma especialização deste tipo de serviços que se concretize numa opção mais compe- titiva ao nível do respetivo preço. Figura 14 – Produtividade aparente do capital e dos consumos intermédios, Portugal, 2009-2020 (consumos intermédios: 2009=100, capital: 2010=100) Fonte: RICA, cálculos dos autores
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