cultivar_25_Investimento_agricultura
34 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 25 ABRIL 2022 – Investimento na agricultura voltando a cair a partir daí. Por outro lado, a produção registou algumas oscilações menos acentuadas em torno dos 2%, enquanto o VAB oscilou em torno dos 1,75%. Por último, o peso dos consumos intermédios cresceu até 2012, estabilizando um pouco acima dos 2,5%. Note-se que, no início do período analisado, o valor acrescentado registava o pesomais alto, seguido da produção, da FBCF e dos consumos intermédios, ordem que se inverteu no final do período. 4. Investimento e aquisição de serviços na agricultura Face a um setor agrícola em restruturação e cujo peso na economia tem vindo a estabilizar após uma queda que durou cerca de 30 anos, o investimento parece ser um fator que tem mantido a sua prepon- derância, em particular quando comparado com a mão de obra e com os consumos intermédios. A diminuição abrupta do investimento motivada pela crise financeira e pelo programa de ajustamento em Portugal não afetou o setor agrícola na mesma dimensão que a globalidade da economia. Contudo, a retoma recente do investimento na economia tam- bém não encontra correspondência na agricultura, onde parece estar a estabilizar e, simultaneamente, a perder peso no total do investimento em Portugal. O que nos leva a questionar: o que explica o aumento 4 A rubrica de serviços agrícolas é composta pela contratação de equipamentos em simultâneo com a mão de obra necessária ao seu manu- seamento, enquanto a rubrica de outros bens e serviços inclui um conjunto alargado de bens e serviços, entre eles, o aluguer/arrendamento do VAB e do produto agrícola desde 2014-2015? Uma possibilidade é o anteriormente referido aumento dos consumos intermédios, especialmente no que diz respeito ao aluguer de maquinaria. Neste capí- tulo, analisa-se a evolução destas variáveis para ten- tar perceber que dinâmicas se registaram ao longo do tempo. a. Contas Económicas da Agricultura Quando se olha para a FBCF e para os consumos intermédios do setor agrícola, definidos a preços constantes (Figura 6), observa-se que, historica- mente, o primeiro valor tem sido inferior ao segundo. Ambas as variáveis registaram uma tendência decrescente até meados de década de 90, com a queda dos consumos intermédios a ser mais acen- tuada. A partir daí, assistiu-se a algumas oscilações ao longo dos anos, mas sem tendência definida em ambas as variáveis. A partir de 2010, tornou-se visí- vel uma ligeira tendência ascendente dos consumos intermédios. A FBCF e o consumo intermédio incluem um con- junto alargado de subcategorias. Quando se olha para um nível mais desagregado, mais concreta- mente para o fluxo de FBCF em maquinaria e equi- pamentos e para o conjunto dos serviços agrícolas e outros bens e serviços 4 (Figura 7), percebe-se que Figura 6 – FBCF e consumos intermédios do setor agrí- cola, Portugal, 1980-2020 (milhões de euros) Fonte: Eurostat, Contas Económicas da Agricultura 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 Consumos intermédios 16582,3 18655,43 16497,62 13403,12 11910,26 10315,09 8751,756 FBCF 4445,527 3663,225 3018,805 2148,668 1861,156 1729,618 1842,43 0 2 000 4 000 6 000 8 000 10 000 12 000 14 000 16 000 18 000 20 000 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 FBCF Consumos intermédios Figura 7 – FBCF em maquinaria e aquisição de serviços agrícolas e de outros bens e serviços do setor agrícola, Portugal, 1980-2020 (milhões de euros) Fonte: Eurostat, Contas Económicas da Agricultura 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 Serviços agrícolas + outros bens e serviços 2838,648 2791,063 2508,2 1764,904 1529,167 1409,102 1177,965 1095,666 FCBF em maquin ria e equipamento 1375,09 1376,021 1298,992 849,7249 523,2505 340,4496 368,1099 471,9001 0 500 1 000 1 500 2 000 2 500 3 000 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 FCBF em maquinaria e equipamento Serviços agrícolas + outros bens e serviços Nota: Valores correntes deflacionados com recurso aos deflatores do PIB e da FBCF (100=2016), PORDATA/INE
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