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Investimento e terciarização da agricultura em Portugal 31 clara a relação entre contratação externa e poupança com recursos humanos, mas que a relação desta com a redução de custos associados à maquinaria era menos clara. Assim, com recurso a fon- tes estatísticas que incluem as Contas Económicas da Agricultura, do Eurostat, e a base de dados da Rede de Informação de Contabilida- des Agrícolas (RICA 3 ), dis- ponibilizada pelo Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral (GPP) do Ministério da Agricultura e da Alimentação, este artigo pro- cura explorar as dinâmicas de um conjunto de variá- veis relevantes para a compreensão deste fenómeno no setor agrícola português. Começa-se por fazer uma pequena caracterização do mesmo, passando depois para uma análise comparativa do setor com a economia portuguesa no seu todo, para um olhar mais aprofundado do investimento e do consumo intermédio na agricultura e para uma avaliação da eficiência aparente do capital agrícola e dos con- sumos intermédios. Apresentam-se, finalmente, as principais conclusões. 2. O setor agrícola em Portugal – caracterização da exploração média Importa, portanto, contemplar as mudanças que têm ocorrido não só ao nível da formação bruta de capital fixo (FBCF) e dos consumos intermédios, mas também de outras características gerais das explora- ções agrícolas em Portugal. Os dados que resultam do Recenseamento Agrícola, conjugados com a base de dados RICA, permitem apreender, de forma fide- digna, as principais tendências na agricultura em Portugal nos últimos 30 anos. 3 A RICA produz informação relativa aos rendimentos e à economia das explorações agrícolas na União Europeia (UE), disponibilizando, assim, informação harmonizada para a realização de estudos e análises comparativos dos vinte e sete Estados-Membros da UE. Para mais informa- ção, consultar https://www.gpp.pt/index.php/rica/rede-de-informacao-de-contabilidades-agricolas-rica A Superfície Agrícola Utilizada (SAU) média das explo- rações em Portugal tem vindo a aumentar desde 1989 até 2019, ano em que se cifrou nos 23,08 ha. De facto, após um período de redução da área bruta de SAU nos 18 anos que sucederam a 1989, esta sofreu um franco aumento entre 2016 e 2019 na ordem dos 325 702 ha (equivalente a 9,3%). A evo- lução da SAU média deve-se à queda abrupta no número de explorações sentida nas explorações de pequena e média dimensão, que passou de 537 608 para 250 030 (uma redução de 47%) entre 1989 e 2019. Esta evolução contrasta com o aumento das explorações commais de 50 ha de SAU, cujo número aumentou em 3 034 (cerca de 34%) entre 1989 e 2019 (Tabela 1). Já ao nível da sua composição por ocupação cul- tural, observa-se uma perda generalizada da terra arável e da horta familiar, a ocupação mais expres- siva e a menos expressiva respetivamente, ambas para metade das áreas de 1989. Ao nível das pasta- gens permanentes, observa-se o principal aumento – 1 248 970 ha – com maior expressividade entre 1997 e 2019. As culturas permanentes tiveram um aumento mais modesto em termos agregados, mas que é relevante quando se isola o período de 2007 a 2019 (+44,5%), estando geograficamente concen- trado nas regiões de Trás-os-Montes e do Alentejo (Tabela 1). Também ao nível do volume de trabalho houve uma redução sustentada, sobretudo sentida na mão de obra agrícola familiar. Entre 1989 e 2019, a redução do volume de trabalho global em Portugal ascendeu a 63% (Tabela 1 ). Esta tendência está asso- ciada a outras grandes tendências agrícolas como a perda de população agrícola em favor de outros … este artigo procura explorar as dinâmicas de um conjunto de variáveis relevantes para a compreensão deste fenómeno no setor agrícola português. … para um olhar mais aprofundado do investimento e do consumo intermédio na agricultura e para uma avaliação da eficiência aparente do capital agrícola e dos consumos intermédios.
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