cultivar_23REV

7 Esta edição N.º23 da Cultivar centra-se no tema Im- pactos agroambientais: metodologias de quantifica- ção e valorização económica. Os efeitos ambientais das atividades económicas são medidos, frequentemente, de modo indireto e agregado. A necessidade de atribuir valores econó- micos a esses efeitos traz dificuldades adicionais. Têm sido encontradas vias para lhes dar resposta, de que o exemplo mais conhecido serão os leilões de carbono. A atividade agrícola gera um conjunto alargado de efeitos ambientais, positivos e negativos, a que as políticas pretendem dar resposta. A alteração das práticas produtivas, de modo a criar efeitos positivos ou reduzir os negativos, gera, em geral, diminuições de rendimento (por aumento de custos ou reduções da produção). O valor das ajudas agroambientais tem como objetivo compensar essa situação. Há, portanto, dois efeitos a medir. O primeiro, qual o efeito ambiental da alteração de práticas (por exemplo, quanto se reduz a utilização de recursos naturais, quanto melhora o solo, quanto aumenta a biodiversidade, quanto é que isso significa em ter- mos de emissões de carbono e redução do aqueci- mento global); o segundo, qual o valor económico desse efeito. Este último é necessário para avaliar se o custo está em correspondência com o proveito Editorial EDUARDO DINIZ Diretor-Geral do GPP obtido, porque os recursos financeiros também são escassos. As metodologias de quantificação neste campo têm vindo a desenvolver-se, havendo, contudo, muito ca- minho a percorrer. Para a maioria das perguntas não há respostas robustas, os próprios cientistas estão em debate sobre as limitações de parametrização e modelização destes temas. Convirá, no entanto, destacar que a modelização tem um papel central na definição e monitorização das políticas públicas, particularmente ao nível eu- ropeu e multilateral. Os atuais objetivos do Pacto Ecológico Europeu ( Green Deal ) e, em particular, das Estratégias do Prado ao Prato ( Farm to Fork – F2F) e de Biodiversidade (BDS) pretendem desenhar um caminho para a transição para sistemas alimentares mais sustentáveis. Neste quadro, é essencial que os modelos de impac- to e de simulação económica descrevam as inter-re- lações entre variáveis económicas e ambientais, de modo a obterem uma aproximação quantificada e estruturada da realidade que pode ser utilizada para analisar os impactos, e suas medidas de contraparti- da, e assim fundamentar mudanças políticas. No que se refere à atividade agrícola e à análise quantitativa das políticas agrícolas e de desenvol-

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