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Rendimento agrícola na agricultura europeia: novas perspetivas sobre medição e implicações para a avaliação das políticas 17 Há três aspetos diferentes na abordagem ao rendi- mento agrícola que são especialmente relevantes no contexto das políticas agrícolas (Figura 1). Primeiro, a questão do rendimento : os níveis (médios) de rendimento são um indicador frequentemente utilizado para representar o bem-estar geral nas ex- plorações agrícolas e no setor agrícola. São também muitas vezes usados para avaliar a evolução ao longo do tempo e para comparar o rendimento com o dos agregados familiares não agrícolas. Rendimentos su- ficientemente elevados e estáveis são uma condição essencial para as explorações agrícolas serem capa- zes de proporcionar benefícios privados e públicos. Efetivamente, um setor agrícola próspero incentiva o progresso tecnológico e aumenta a capacidade de adaptação dos sistemas de produção, fomentando a conservação (e.g. Sunding e Zilberman, 2001 26 ; Hill, 2019 27 ). Segundo, a questão da variabilidade : a variabilidade do rendimento ao longo do tempo reflete os riscos que os agricultores enfrentam. A volatilidade dos níveis de rendimento reduz o bem-estar dos agri- cultores avessos ao risco, diminuindo igualmente os incentivos que estes têm para produzir, investir e inovar (e.g. Sunding e Zilberman, 2001 28 ; Garde- 26 Sunding, D. e Zilberman, D. (2001). The agricultural innovation process: research and technology adoption in a changing agricultural sector. Handbooks of Agricultural Economics 1: 207–262. https://doi.org/10.1016/S1574-0072(01)10007-1 27 Ver Nota 15. 28 Ver Nota 25. 29 Gardebroek, C. (2006). Comparing risk attitudes of organic and non-organic farmers with a Bayesian random coefficient model. European Review of Agricultural Economics 33: 485–510. https://doi.org/10.1093/erae/jbl029 30 Iyer, P., Bozzola, M., Hirsch, S., Meraner, M. and Finger, R. (2020). Measuring farmer risk preferences in Europe: a systematic review. Journal of Agricultural Economics 71: 3–26. https://doi.org/10.1111/1477-9552.12325 31 Cerroni, S. (2020). Eliciting farmers’ subjective probabilities, risk, and uncertainty preferences using contextualized field experiments. Agricul- tural Economics 51: 707–724. https://doi.org/10.1111/agec.12587 32 Bardaji, I., Garrido, A., Blanco, I., Felis, A., Sumpsi, J. M., García-Azcárate, T., Enjolras, G. e Capitanio, F. (2016). Research for agri committee; state of play of risk management tools implemented by member states during the period 2014–2020: National and European frameworks. https://www.europarl.europa.eu/RegData/etudes/STUD/2016/573415/IPOL_STU(2016)573415_EN.pdf (acesso a 8 de Fevereiro de 2021) 33 Meuwissen, M. P., Mey, Y. D. e van Asseldonk, M. (2018). Prospects for agricultural insurance in Europe. Agricultural Finance Review 78: 174–182. https://doi.org/10.1108/AFR-04-2018-093 34 Comissão Europeia. (2017). Risk management schemes in EU agriculture; dealing with risk and volatility. https://ec.europa.eu/info/sites/info/files/food-farming-fisheries/trade/documents/agri-market-brief-12_en.pdf (accesso a 8 de fevereiro de 2021) 35 Allanson, P. (2008). On the characterisation and measurement of the redistributive effect of agricultural policy. Journal of Agricultural Econo- mics 59: 169–187. 36 Piet, L., Latruffe, L., Le Mouël, C. e Desjeux, Y. (2012). How do agricultural policies influence farm size inequality? The example of France. Euro- pean Review of Agricultural Economics 39: 5–28. https://doi.org/10.1093/erae/jbr035 37 Deppermann, A., Grethe, H. e Offermann, F. (2014). Distributional effects of CAP liberalisation on western German farm incomes: an ex-ante analysis. European Review of Agricultural Economics 41: 605–626. https://doi.org/10.1093/erae/jbt034 broek, 2006 29 ; Iyer et al ., 2020 30 ; Cerroni, 2020 31 ). Por consequência, a avaliação da exposição ao risco e a gestão do risco são de interesse fundamental para os investigadores e decisores políticos (ver, por exem- plo, Bardaji et al ., 2016 32 ; Meuwissen, Mey e van As- seldonk, 2018 33 ; Comissão Europeia, 2017 34 ). Terceiro, a questão da desigualdade : a distribuição do rendimento pela população agrícola é relevante para avaliar a heterogeneidade e a (des)igualdade de rendimentos. A questão da desigualdade inclui duas componentes. Primeira, a desigualdade de ren- dimentos no seio da população agrícola. Segunda, as comparações com setores não-agrícolas. A forma como a desigualdade de rendimentos é afetada pelas alterações das condições de mercado, am- bientais e políticas é relevante para uma avaliação holística do bem-estar do setor e das políticas agrí- colas (e.g. Allanson, 2008 35 ; Piet et al ., 2012 36 ; Depper- mann, Grethe e Offermann, 2014 37 ). 1. Novas perspetivas sobre o rendimento agrícola necessárias para uma avaliação adequada das políticas Esta edição especial da ERAE tem por objetivo apre- sentar novas perspetivas sobre o rendimento na

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