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O futuro da pecuária na UE: como contribuir para um setor agrícola sustentável? 111 ruminantes e não ruminantes deve ser avaliado com muito cuidado); a gestão dos efeitos acessórios da mitigação dos GEE (as medidas de mitigação podem ter uma ampla gama deste tipo de efeitos – positivos e negativos no ambiente, na economia e na socieda- de 1 ); a melhoria do bem-estar animal 2 , como reque- rido pela sociedade; o restabelecimento da ligação entre os setores vegetal e animal 3 . No que se refere ao papel da PAC, sugere-se, como especialmente importante, compensar devidamente as pastagens pelos bens públicos que fornecem: se- questro de carbono, preservação da biodiversidade, regulação dos fluxos de nutrientes, purificação da água, manutenção de paisagens abertas e diversas. Isso incluiria a manutenção da regra da condicio- nalidade relativa às pastagens, que tem sido muito relevante, mas alterando o período temporal que permite a classificação como pastagem permanente dos atuais cinco anos para um valor próximo dos dez anos, e a criação de um eco-regime com diferentes níveis de apoio, determinados pelos anos de dura- ção da pastagem, pela existência de leguminosas, etc., que poderia ir até 600 euros por hectare e por ano. Por outro lado, defende-se o desaparecimento de pagamentos ligados na pecuária, substituídos pelo referido eco-regime e um apoio complementar à pecuária extensiva em zonas marginais, para além de fortes apoios ao bem-estar animal. Os autores concluem que há muito a fazer para redu- zir os impactos negativos da pecuária e para otimizar os seus efeitos positivos. A Estratégia do Prado ao Prato abre a via a um sistema agroalimentar de baixa intensidade de carbono, eficaz no uso dos recursos e na prestação de serviços ambientais, como solos saudáveis, biodiversidade e paisagens aprazíveis. O consenso científico sobre a necessidade de reduzir o consumo de proteínas de origem animal não sig- nifica que a solução seja simplesmente a redução da produção animal, pois existe o risco de substituir produção europeia mais eficiente por produção 1 Quadro 2, pág. 65, identifica 20 possíveis impactos, de 3 tipos diferentes, e relativos a 12 medidas de mitigação. 2 Quadro 3, pág. 66, sugere 8 medidas visando o bem-estar animal na pecuária, com a respetiva avaliação. 3 Quadro 4, pág. 67, descreve 15 medidas para restabelecer a ligação entre a produção animal e a produção vegetal, assim como os impactos respetivos. menos eficiente de fora da Europa, para além dos riscos ambientais da redução das pastagens, como o abandono, a simplificação das paisagens, a redu- ção de sumidouros de carbono, os fogos florestais, a perda de biodiversidade, a fragilização de zonas rurais, entre outros. É necessário evitar posicionamentos simplistas, plantas contra animais, ou produção intensiva con- tra produção extensiva, procurando, sim, promover sistemas bem adaptados à diversidade existente na União Europeia e que respondam às preferências dos consumidores a preços razoáveis. Neste contex- to, os animais são essenciais, pois contribuem para uma agricultura mais eficiente, pela sua capacidade de reciclar biomassa não comestível e pelo forneci- mento de fertilização orgânica. Por isso, a questão não deverá ser como reduzir a pecuária, mas sim como aumentar o benefício líquido dos animais, mantendo a competitividade do setor. A pecuária deve evoluir no sentido de fornecer uma vasta gama de produtos e serviços, contribuindo para as principais ambições do Pacto Ecológico, da Estratégia do Prado ao Prato e da Estratégia para a Biodiversidade. Comentário: Este estudo procura ver e avaliar todas as facetas da atividade pecuária, todos os seus impactos, quer positivos quer negativos, e os modos de potenciar os primeiros e diminuir os segundos, defendendo uma nova ambição para a pecuária e que esta deve ser vista como parte da solução e não como um pro- blema. Sublinha sempre que quaisquer conclusões gerais sobre a pecuária devem ser consideradas com precaução, pois a diversidade de sistemas pecuárias implica impactos muito distintos, pelo que se tor- nam indispensáveis estudos rigorosos, indicadores fiáveis e constante inovação na procura de soluções.

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