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110 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 23 AGOSTO 2021 Por outro lado, são apresentados os vetores ( dri- vers ) de mudança para o futuro, para os horizontes 2030 e 2050: a emergência climática e ambiental, as preocupações de saúde e as crescentes exigências societais, a tendência de redução do consumo de carne e o papel fundamental da crescente inovação tecnológica. A PAC continuará a ser fundamental, mas terá de facilitar a transição sustentável da pe- cuária, por exemplo, recompensando os sistemas agrícolas e pecuários pelos bens públicos que for- necem. As medidas agroambientais e climáticas reforçadas e a novidade dos eco-regimes serão essenciais e poderão ser complementadas por po- líticas externas à PAC, como um imposto sobre as emissões de GEE ou um “Certificado de redução de GEE”, que os estudos disponíveis apontam como sendo mais eficazes e mais equitativos, dado que favorecem a inovação, do que, por exemplo, um imposto sobre o consumo de carne. Estabelecer um sistema de apoio à rotulagem de produtos pe- cuários, como sendo mitigadores da emissão de carbono, é outra opção a considerar Quanto à questão central do estudo, como melhorar a sustentabilidade da pecuária, destaca-se que o futuro desta estará no restabelecimento da li- gação à produção vegetal, em cadeias agroalimentares sustentáveis e mais eficazes, com reciclagem de biomassa entre setores, redução da emissão de GEE, eliminação de CO 2 na atmosfera, recuperação de ecossistemas, prote- ção de recursos e adaptação às altera- ções climáticas. O aumento da sustentabilidade da pe- cuária passará por: 1. Melhorar a sua eficiência, especial- mente na conversão alimentar (nos ruminantes e nos não ruminantes); 2. Recorrer à substituição de fatores de produção, como o uso de legu- minosas nas pastagens ou o uso de estrume para reduzir a adubação azotada; 3. Desenvolver sinergias pela integração de proces- sos (numa lógica circular com fecho de círculos de nutrientes, incluindo o uso de: biomassa, agro- silvopastorícia, energia renovável, biorrefinarias, biogás; troca de efluentes pecuários entre regiões com predomínio da pecuária e regiões onde pre- dominam culturas aráveis, etc.). Nesta evolução da pecuária, continuarão a ser de- terminantes as políticas públicas, incluindo natural- menteaPAC, no facilitar das necessárias transições: a transição agroecológica no setor, a redução da emis- são de GEE, o aumento do sequestro de carbono no solo, a redução do consumo de carne pela mudança de comportamento do consumidor. Igualmente será necessário atender às contrapartidas ( trade-offs ) e sinergias resultantes dessa evolução do setor pe- cuário, incluindo a dimensão do efetivo (reduzir ou não, e em que proporção, o que deve ser muito bem ponderado), a composição do efetivo (reduzir ou não a proporção de vacas ou de pequenos ruminan- tes no conjunto da pecuária: o equilíbrio ideal entre Figura 20 (pág.47) – A pecuária no âmbito de uma produção alimentar circular equilibrada, respeitando os limites do planeta

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